quinta-feira, 25 de junho de 2009

As mulheres e a WC

Nota: este é um texto adaptado do original e que me foi enviado pela minha amiga Vânia Guimarães. Desconheço a origem, mas gostei tanto que resolvi reeditá-lo para o Blog do Homem com Cão.

É sem dúvida um dos maiores tabus de todas as mulheres com gato, e uma das questões que mais inquietam o espírito dos homens com cão. Um mistério perturbador e que foi mantido em segredo durante gerações e gerações, ergh.. pelo menos até agora.

Afinal, porque raio vão as mulheres aos pares à casa de banho?

Para encontrar a resposta a esta questão é necessário recuar no livro de memórias que tem guardado com carinho, até à ternurenta idade em que a sua mãe a acompanhava à casinha, porque bem vistas as coisas foi aí que tudo começou, com um simples: nunca, mas mesmo nunca te sentes numa sanita duma casa de banho pública!

Da mesma forma que na vida animal os passarinhos têm inevitavelmente de enfrentar o destino no primeiro vôo em céu aberto, sem a ajuda da mamã pássara, também no caso das mulheres com gato chegará aquele dia em que a mamã não vai lá estar para ajudar a fazer xixi.

Mas não se pense que as mulheres com gato são lançadas à sorte sem ajuda das progenitoras. Nada disso.

Chegado o dia do primeiro xixi, a jovem mulher com gato repete criteriosamente todos os processos que aprendeu com a sua mãezinha, desde limpar o tampo da sanita com papel higiénico, a colocar as tiras de papel no perímetro da sanita, passando pela lição mais importante de todas: a posição, que consistia em balançar o corpo sobre a sanita evitando o contacto com o dito tampo.

A posição é uma das primeiras lições de qualquer menina com gato, e é talvez a de maior utilidade para a vida de qualquer mulher.

Mas continua a ser penosamente dificil de suportar, sobretudo quando a aflição atinge níveis de retenção de líquidos só comparáveis ao de um camelo em pleno deserto marroquino.

Normalmente quando a aflição chega, a mulher com gato aflitíssima encontra sempre uma fila de outras mulheres com gato, igualmente aflitíssimas, sorrindo amavelmente entre si, de braços e pernas cruzadas, procurando evitar movimentos bruscos naquela posição típica do estou aqui estou a fazer pelas pernas abaixo, coisa que você quase não consegue evitar quando vê a típica mãezinha passar à sua frente com a filhota ao colo, ainda mais aflita que você.

Quando finalmente chega a sua vez, e depois de quase ter atropelado a pessoa que vinha a sair, você já consegue sentir as primeiras gotinhas de xixi, mas é então que começa a ecoar na sua cabeça a frase tantas vezes proferida pela sua mãe:

Nunca, mas mesmo nunca blá blá blá whyskas saketas!

É altura de assumir a posição, e regra geral é aqui que começam os problemas.

Como é habitual a fechadura está estragada, o chão está imundo e nem a porta nem a parede têm um único gancho que sirva para pendurar a sua malinha.

À falta de alternativas e porque parar é morrer você pendura a sua malinha ao pescoço.
Assim de repente já não lhe parece tão boa ideia ter servido de fiel depositária de todo o género de inutidades que veio a coleccionar ao longo dos últimos 5 anos, desde isqueiros sem gás, a esferógráficas sem tinta...

De mala pendurada ao pescoço começa a desabotoar as calças com uma mão, enquanto segura a porta sem fechadura e sem trinco com a outra. As calças são quase sempre justas e um número abaixo do seu, o que dá um jeito tremendo para contrariar a força da gravidade que insiste em puxar o seu rabo para baixo, mas em contrapartida não dá jeito nenhum quando o mesmo rabo tem de sair cá para fora com a ajuda apenas de uma mão. Possas.

Não houve tempo para baixar mais, e é com as calcinhas pelos joelhos, de cóqueras, sempre com a mão na porta e de mala ao pescoço, que você finalmente sente o alívio prometido... Aaaahh!

Mas é também a partir daqui que começam a surgir outro tipo de dificuldades.

As suas coxas entretanto começaram a tremer. Afinal está suspensa no ar há largos minutos, e o elástico do seu fio dental ameaça estrangular a circulação sanguínea nas suas pernas, tudo isto com um braço estendido a fazer força na porta e uma mala que pesa cada vez maaaaais.

Pensa para si própria dava tanto jeito sentar-me só um bocadinho, mas não há papel no rolo bolas!, e é aí que surge mais um problema, não há papel no rolo!

A vontade era tanta que o xixi abundante ainda não parou de sair, mas as suas forças estão perigosamente a chegar ao fim e a posição de aguiazinha começa a ficar seriamente comprometida.

A tremideira nas pernas leva a um pequeno erro de cálculo ,e eis que num ápice o alvo deixa de ser o fundo da sanita e passa a ser as suas pernas. Blheeerk.

Voltamos ao rolo que entretanto acabou, e nesta altura de aflição começa a questionar-se se no interior da sua mala não estará nenhum lenço de papel dum qualquer pacote que tenha comprado em finais de 2005. Para o que é serve perfeitamente.

Ora, procurar um lenço de papel na mala duma mulher com gato é algo que nem o mítico Sport Billy conseguiria fazer com uma só mão, e para isso terá de soltar a porta por breves instantes. O risco é demasiado alto por isso opta por levantar-se encostando o rabo à porta enquanto procura o miserável lenço de papel.

No preciso momento em que se levanta alguém empurra a porta sem fechadura nem trinco do lado de fora, provocando um está genteeee! perfeitamente audível para todas as mulheres com gato que continuam de braços e pernas cruzadas na fila, agora ainda mais aflitas que há minutos atrás.

A única coisa boa nisto é saber que a partir dali mais ninguém vai tentar abrir a porta, porque nestas coisas das aflições as mulheres com gato são bastante solidárias umas com as outras.

Finalmente encontra algo que noutra vida já terá sido um lenço de papel. Vai ter de servir. De tão enrugado que está mal consegue absorver o que saiu por fora, e sem surpresas esfarela-se todo nas suas mãos que estão agora todas molhadas.

As coisas dificilmente podiam correr pior. A mala pesa cada vez mais no pescoço, as pernas ameaçam soçobrar devido ao entorpecimento causado pela posição de aguiazinha e pelo elástico das cuequinhas, e entretanto o seu rabo começou a ficar gelado. Tudo porque aquele tampo imundo pode estar carregadinho de doenças, já para não falar das suas gotinhas que por lá ficaram quando há minutos falhou o alvo.

Exausta e completamente transpirada, puxa as tais calças justinhas que agora amaldiçoa serem o tal número abaixo. Há que puxar o autoclismo, e nem pensar em fazê-lo com os dedos. O cotovelo é uma opção, mas ideal mesmo é fazê-lo com a ponta do sapatinho. Ergh! Pergunta-se a si própria porque é que eu não nasci gajo?!

Finalmente o lavatório! Para variar não há sabonete líquido e a torneira é daquelas de pressão, ou seja, uma autêntica lotaria que pode quase não verter àgua nenhuma, ou pode rebentar como um dique depois duma valente enxurrada.

Não vale a pena arriscar. Estica o rabo para trás e dobra-se toda para a frente na expectativa de não molhar a blusa, tudo isto enquanto evita que a mala resvale do ombro para o chão completamente imundo, e sem certezas de que será só de água. Blheeerk.

Para finalizar o secador não funciona. Já seria de esperar algo do género. Resignada limpa as mãos às suas calças de ganga, antes de ouvir o seu namorado profetizar o habitual porque é que demoraste tanto?!

Olha para ele de soslaio e por breves centésimos de segundo imagina como ficaria a cara dele depois de ser apresentada à sua mala, mas limita-se a rematar com resignação a fila estava enorme.

E é por tudo isto que as mulheres com gato vão aos pares à casa de banho. Por solidariedade.

Uma segura na mala no casaco e na porta, enquanto a outra tenta manter a tal posição de aguiazinha, e pelo meio ainda falam daquela que veio com uma roupa que nunca ninguém usou.

Aborrecido mesmo é ter de explicar tudo isto a um homem com cão, ou pior ainda, tentar explicar o confuso processo de fazer subir e descer o tampo da sanita, algo que permanece ainda um mistério para a maior parte dos homens.

Talvez por isso a maior parte das mulheres com gato opte por não ter ninguém em casa que não seja capaz de fazer subir e descer o dito tampo da sanita, o tal que a sua mãe lhe disse para nunca se sentar em cima, e que a nós homens com cão nos faz tanta confusão colocar para baixo.

3 comentários:

  1. Definitivamente não pertenço de todo ao grupo de mulherio onde vais buscar a tua inspiração :).
    Sou uma “gaja” prática, vou sozinha ao wc a não ser que mais alguém tenha vontade de ir.
    Raramente uso mala , a não ser quando tenho mais que um telemovel e papelada a meu cargo e mesmo nesses casos a mala não me causa qualquer tipo de “atrapalhação”.
    Em relação aos lenços embora que por vezes estejam enrugados estão lá para as emergências,lol.
    As calças são o meu número, se bem que as vezes fiquem um pouquinho mais para o apertado como por acaso estão agora (arghhhhhhhh estou com uns quilitos a mais).

    Atenção:Dialogo baseado em factos ocorridos precisamente ontem terça feira dia 30 junho.

    09.00am numa clínica em Vilamoura

    Trim trim trim

    Célia:Tou

    Paula:Celita estou tão triste preciso de ti.

    Célia: Não me digas que te zangaste outra vez com o J...?
    Olha eu agora não posso estou na clínica a fazer análises depois tenho de ir tomar pequeno almoço com o André (que também está com aquele problema que tu sabes),depois tenho de ir conversar com a Sónia que também não está nos melhores dias.
    Tenho ainda de ir com o a minha mãe as compras e com os meus avós ao médico e com o meu avó ao barbeiro , só lá para as 16h/17h.

    Paula:ok, mas vem por favor.

    16.30pm (depois de já ter percorrido cerca de 200km desde que me levantei).
    Chego a Loulé e encontro a Paula lavada em lágrimas...
    Lá converso com ela e depressa consigo intuir do que ela precisa para levantar o ânimo.
    Nisto telefone toca novamente.

    Célia:tou,Milene rapariga como estás?Olha, estou aqui com a Paula não queres ir conosco dar uma voltinha para ver se ela se anima?

    Milene:Claro que sim, passem aqui no meu trabalho e vamos juntas.

    Milene entra no carro eufórica com sua nova paixoneta, alegre como há muito não a via.
    Musica aos berros, primeiro com o fantasma da opera e depois com anos 80 para ver se a malta se anima.
    Terapia da musica funciona, tudo bem disposto a conversar como se não houvesse amanhã.
    Chegamos ao shopping, e é aqui que começa as diferenças em relação as mulheres fonte de tua inspiração , hahahahaha.
    Paula vai comprar cigarros, Milene vai levantar cash e eu vou ao wc SOZINHA.
    Passado 2 minutas já estamos todas juntas ninguém perde tempos infinitos a fazer coisas banais, felizmente somos todas RÁPIDAS e PRÁTICAS.
    Que fazem a maioria das mulheres nos shoppings?Vão ver montras é bem verdade.
    Mas nós não fomos ver montras (confesso que nem uma sequer nos tentou), fomos empanturrar calorias e mais tarde direitinhas a FNAC .
    Começei então com a minha terapia de cura ou seja MÚSICA.
    Coloquei cada uma delas a ouvirem a musica que precisavam e a coisa felizmente funcionou.
    Trim trim

    Célia:Tou

    Pai da Célia:Traz um frango que a mãe teve de ficar com os avós e eu vou chegar tarde

    Célia:Ok, vou só levar as minhas amigas a casa e depois já levo.

    21.00pm e depois de mais 80km pecorridos chego a casa com o bendito frango.

    Sento-me no sofá e penso se isto é ter folga mais vale trabalhar :) .

    Beijinhos
    Célia N

    ResponderEliminar
  2. Muito bem! :))
    Mas o pior é que isso corre mal:

    http://a-terceira-via.blogspot.com/2009/05/meninas-tenham-cuidado.html

    ResponderEliminar
  3. Boa tentativa...

    Mas devo então ser muito independente...:P

    Meninas há que educar os filhotes as boas maneiras quando vão à casa de banho...

    MS

    ResponderEliminar