Adoro-te anónimo: Olá.. Sou o Francisco, tenho 38 anos e não consigo dizer “adoro-te”.
Todos: Oláaaa Francisco!
Este podia muito bem ser o início duma qualquer reunião dos Adoro-tes Anónimos, um grupo de pessoas com problemas em dizer adoro-te.
A ideia pode parecer caricata mas não deixa de ter um fundamento de verdade, primeiro porque devem existir por aí muitos Franciscos que não conseguem dizer adoro-te, depois porque há muitos mais homens que Franciscos a sofrer do mesmo bloqueio.
Deve ser uma embirração qualquer com a palavra adoro-te, que curiosamente dizemos sempre com a maior das facilidades quando estamos prestes a passar para a parte física da adoração.
Regra geral adoro-te é das últimas coisas que dizemos antes de começarmos realmente a adorar o corpo da nossa parceira.
Mas o facto de não o dizermos não quer necessariamente dizer que não o sintamos, antes pelo contrário. Na verdade sentimos sim, simplesmente nós homens com cão temos diferentes formas de sentir, diferentes formas de comunicar com os nossos sentimentos, e sobretudo diferentes formas de verbalizar as nossas emoções.
Homem que é homem nunca vai dizer a outro gajo gosto de ti, a menos que tenha em casa o dvd do Brokeback Mountain. Em edição especial para colecionador. Ou seja, algo muito abixanado e suspeito.
Não. Homem que é homem limita-se a dizer sabes que ‘tás aqui broda, enquanto bate com a mão no peito à King Kong. Quanto muito admite-se um ligeiro vacilar na voz, imediatamente justificado por uma certa rouquidão para disfarçar a carga emotiva do momento.
E se entre nós homens com cão esta linguagem faz todo o sentido e é universal, as coisas complicam-se quando do outro lado está uma mulher com gato.
Amiga 1: Então?! Ele disse-te que gosta de ti?!
Mas o facto de não o dizermos não quer necessariamente dizer que não o sintamos, antes pelo contrário. Na verdade sentimos sim, simplesmente nós homens com cão temos diferentes formas de sentir, diferentes formas de comunicar com os nossos sentimentos, e sobretudo diferentes formas de verbalizar as nossas emoções.
Homem que é homem nunca vai dizer a outro gajo gosto de ti, a menos que tenha em casa o dvd do Brokeback Mountain. Em edição especial para colecionador. Ou seja, algo muito abixanado e suspeito.
Não. Homem que é homem limita-se a dizer sabes que ‘tás aqui broda, enquanto bate com a mão no peito à King Kong. Quanto muito admite-se um ligeiro vacilar na voz, imediatamente justificado por uma certa rouquidão para disfarçar a carga emotiva do momento.
E se entre nós homens com cão esta linguagem faz todo o sentido e é universal, as coisas complicam-se quando do outro lado está uma mulher com gato.
Amiga 1: Então?! Ele disse-te que gosta de ti?!
Amiga 2: Sim, disse..
Amiga 1: Yuuhuuu! Ai contaa contaaa! Como é que ele disse?!
Amiga 2 claramente desiludida: Ele disse, sabes que estás aqui sister... E depois bateu com a mão no peito. Parecia o King Kong.
Ergh.. Pois, isto assim não dá. E não dá porquê? Numa palavra: inteligência emocional.
Ok, são duas palavras, mas têm apenas um significado.
A inteligência emocional representa a capacidade que cada um de nós tem para reconhecer, interpretar e lidar com as emoções. A chave da inteligência emocional é a autoconsciência, ou seja, a capacidade de reconhecer um sentimento quando ele ocorre.
Nos homens essa capacidade está mais direcionada para coisas importantes como ... hummm ... O futebol!
(no estádio)
Adepto: Foda-s#! É penalty! Como é que o árbitro não viu?! Seu filho da put######!
Adepto na cadeira ao lado: Eu compreendo a razão da sua frustração, porém o importante agora não é o penalty, mas sim a autoconsciência e o reconhecimento emocional que vai permitir com que você lide melhor com as suas emoções...
Adepto: O quê?! Ohpa vai-te fod##!
Como é sabido o bem estar emocional depende em grande medida do controlo que nós temos das nossas emoções e sentimentos, e existem sentimentos como a ira que destabilizam emocionalmente as pessoas, especialmente dentro dum estádio de futebol.
Quando isso acontece o individuo tende a procurar de novo o equilíbrio emocional. É aí que entra a polícia de intervenção à bastonada e ficamos de novo calminhos.
Adiante.
A grande diferença entre os homens com cão e as mulheres com gato, é que enquanto nós incosncientemente suprimimos as emoções no nosso dia-a-dia (excepção feita aos jogos de futebol), as mulheres com gato enfrentam-nas frontalmente até encontrarem um equilíbrio, e é nesta diferença que nos desencontramos quando se trata de lidar com sentimentos.
As emoções vivem no plano de fundo da vida de um homem e no primeiro plano da vida de uma mulher
in: The Lazy Husband, Josh Coleman.
E por muito que nós homens quiramos que não seja assim, infelizmente o nosso adn faz-nos lembrar o contrário: é mesmo assim. Por isso é que homens e mulheres estão habitualmente em pólos opostos nas discussões.
Ela sente-se ferida de morte porque ele esqueceu-se do aniversário de casamento, ele por outro lado acha que ela está a exagerar porque estas coisas acontecem, e para o ano compensa.
Não querendo desculpar a aparente indiferença que os homens com cão conseguem ter para com as datas importantes da vida dum casal, a verdade é que o problema já nasceu connosco.
De acordo com o International Center for Health Concerns, o nosso cerebro está dividido em duas partes: o lado esquerdo (responsável pelo pensamento lógico), e o lado direito (responsável pelas emoções). No caso das mulheres com gato a ligação entre o lado lógico e o lado emocional é muito maior, quase como se existisse uma auto-estrada entre o lado esquerdo e o direito que não só facilita a comunicação, como faz com que as mulheres raramente dissociem a lógica da emoção.
Um exemplo: uma mulher com gato vê um par de sapatos lindos de morrer, daqueles que não fazem falta nenhuma mas que TEM MESMO de comprar. Compra. Decisão lógica ou emocional? Lógica porque no caso das mulheres a emoção de ter um par de sapatos irresistiveis faz todo o sentido.
Já no nosso caso as coisas não se processam desta forma. A distância entre o lado lógico e o lado emotivo é maior, isto porque existe uma espécie de estrada secundária entre os lados esquerdo e direito do nosso cérebro, que torna a comunicação entre ambos muito mais demoraaaadaaaa..
Por isso é que um homem com cão perguntaria sempre à mulher com gato do par de sapatos mas tu precisas mesmo desse par de sapatos?
É inevitável. Nós reagimos de formas diferentes às emoções, e no nosso caso concreto temos tendência para esquecê-las mais depressa, precisamente porque o acesso ao nosso lado emotivo é mais complexo.
É por isto também que as mulheres com gato conseguem coisas realmente incríveis, como puxarem para uma discussão em tempo real algo que se passou quando o Marquês de Pombal ainda era vivo.
Ela: .. e tu lembras-te daquela vez em que eu disse que não me apetecia comer sardinhas e tu insististe em irmos ao restaurante de peixe-assado?
Ele: Desculpaaa?!
Um estudo recente publicado no Journal of Personality confirma tudo isto de forma inquestionável. As mulheres com gato têm maior facilidade em lidar com as emoções, enquanto nós homens com cão sentimos maiores constrangimentos na hora de exprimir os nossos sentimentos.
É por isso que a médio e longo prazo o divórcio costuma ser mais devastador para os homens.
Remete-nos para um campo minado de emoções, um território virgem, inexplorado e com o qual aprendemos a lidar com muita dificuldade. Quando aprendemos.
A ideia dos adoro-tes anónimos pode parecer absurda, mas iria certamente abalar as certezas de muitas ex-mulheres com gato convencidas de que o ex-homem com cão simplesmente deixou de se importar, quando provavelmente apenas não se conseguiu explicar.
E como é que tudo isto se resolve? Com post-its. Quando sair de manhã deixe um colado no despertador dela. Ou dele, porque também há muitas mulheres que não sabem dizer..
ps: I Love You.