segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O complexo "Vaca Nova, Vaca Velha"

Não há fome que não dê em fartura.

É uma verdade insofismável e está amplamente enraizada nos dizeres que a sabedoria popular tratou de perpetuar.

É uma frase feita mas com grande aplicação no nosso quotidiano.

Há 3 semanas que não tem festa em casa e de repente parece que a sua vida sexual fechou para balanço? Não se preocupe, não há fome que não dê em fartura.

Há-de estar para acontecer qualquer coisa que envolva a sua mulher e duas strippers. Vamos pensar positivo!

Esta ideia faustosa da abundância depois da indigência traz sempre um conforto redobrado. No entanto as coisas não são bem assim, e é quase certo que a sua mulher não vá mesmo comer duas strippers à sua frente.
Se chegou a pensar nessa possibilidade lamento dizer-lhe que o sonho durou dois parágrafos. 

De facto as coisas não são nada assim. E são ainda menos quando falamos de homens com cão à procura de mulheres com gato. Homens sozinhos. Gajos encalhados.

Se está a ler este post e é um solteiro crónico então as notícias não podiam ser mais negras.

Estudos recentes - há sempre um estudo recente, nem que tenha sido conduzido há 10 anos atrás - comprovam que no seu caso a seguir à fome vem o soro, depois o coma induzido, e finalmente o estado vegetativo. Passo a explicar.

O tal estudo foi realizado pela Universidade de Oklahoma, nos states, e conseguiu explicar, entre outras coisas, o porquê dos homens sozinhos terem maiores possibilidades de continuarem cada vez mais sozinhos, a cada dia que passa.

Ora o mesmo estudo conseguiu ainda provar que são as mulheres que estão na base da alegada propensão genética do homem para o adultério, e como se não bastasse encontrou resposta a uma questão que atormenta a Humanidade desde os tempos das cavernas:

Porque razão as mulheres não se suportam umas às outras quando há um gajo pelo meio?

Quem viu o filme O Sexo e a Cidade lembra-se perfeitamente da frase que celebrizou Samantha Jones, a personagem de Kim Cattrall: He’s taken? Tell me more!


E quem nos conta mais a este propósito é Melissa Parker, professora de socio-psicologia na Oklahoma State University.

A Dra. Melissa Parker descobriu como lidam afinal as mulheres com a expressão all the good men are taken, e de forma surpreendente - ou não - concluiu que para a maioria das mulheres esta expressão termina com um redundante so what?!


Antes que todas as mulheres deste blog me atiçem os seus gatos ainda por desparasitar, convém dizer que esta conclusão não é minha, e goza de caracter científico. O estudo foi realizado nos Estados Unidos e teve como fio condutor as constantes trocas entre casais do show-bizz norte-americano.

Ora isso suscitou uma segunda questão: seria esta realidade um exclusivo de Holywood ou, pelo contrário, seria a face visível dum much bigger problem?


Para o efeito foram entrevistadas 188 pessoas heterossexuais na mesma faixa etária, 94 mulheres e 94 homens.

As 94 mulheres foram então dividias em dois grupos de 47. Ao primeiro grupo foi apresentada a foto de um candidato solteiro e disponível. Ao segundo grupo foi apresentada a foto da mesma pessoa, mas alegadamente comprometido com uma relação séria.

Preparadas para os resultados?

Enquanto que no primeiro grupo apenas 59% das mulheres mostrou interesse no candidato, no segundo grupo – o do "homem comprometido" – apenas 4 mulheres não mostraram interesse.
Ou seja, 90% das mulheres do 2º grupo mostrou-se imediatamente disponível para conhecer essa pessoa, mesmo sabendo que estava comprometida com outra... Mulher. 


O processo foi repetido nos dois grupos de 47 homens, e aqui não houve surpresas: os homens mostraram interesse, independentemente da candidata ser solteira ou não. Gajo que é gajo não se nega a nada.

Estes resultados não deixaram duvidas aos investigadores.

Para a maior parte das mulheres com gato, homens comprometidos são acima de tudo homens que são capazes de assumir e manter compromissos, em oposição aos homens solteiros que não conseguem oferecer as mesmas garantias e a mesma estabilidade.

E assim chegamos à primeira resposta:

Homens sozinhos têm maiores possibilidades de continuarem como estão, sozinhos.

E para a maior parte das mulheres tipos sozinhos não são sequer elegíveis para irem a jogo.

Amiga 1: Ohpa sabem aquele tipo das vendas, o João?


Amiga 2: Sim, sim! O que tem? Conta!

Amiga 1: Todos os dias tenho dezenas de e-mails dele a convidar-me para sair! Acham normal?


Amiga 3: Bemmm.. Mas ele não andava com aquela tipa da contabilidade?

Amiga 2: Andava, agora não anda com ninguém.

Amiga 3: Ou ninguém anda com ele, acho que é mais isso.

Amiga 2: Esse João já correu a empresa toda.


Amiga 1: Os homens são todos iguais. 

Amiga 2: Nem todos. Olha o Francisco..

Amiga 3: O Francisco é um querido, mas esse está junto..

Amiga 2: Os homens bons estão todos ocupados.

Amiga 1: Desculpa, e depois??

E depois morreram as vacas e ficaram os bois. Isto era o que a minha mãe me dizia no final das histórias antes de ir para a cama. Pessoalmente a ideia dum mundo só com bois sempre me causou alguma estranheza.

Mas porque é que ficam os bois?

Mal sabia eu que a resposta a esta pergunta só iria chegar 35 anos mais tarde, ou seja, mais ou menos agora!

Os bois ficam porque entretanto há sempre vacas novas a chegar ao pasto. Um homem com cão comprometido pode ser um alvo mais apetecível para 90% das mulheres com gato, porque está formatado para lidar com o compromisso, mas os que cedem à pressão do compromisso são também muito mais permissivos a uma nova conquista.  

E é aqui que começa o ciclo vaca nova/vaca velha. Afinal de contas há sempre um pasto mais verde algures por aí, e é isto no fundo que atormenta as mulheres que foram encontrar a sua metade da laranja ao pasto de outra gaja.
Vivem assombradas com a ideia do "seu" gajo dar de caras com uma Vaca Nova, uma Samantha Jones qualquer num beco escuro à noite. E depois já foste.

Os homens em geral podem ser mais permeáveis às tentações quando estão dentro duma relação de compromisso, mas - pergunto eu - ehpa não será que isso acontece porque 90% das mulheres está pouco a borrifar-se para a palavra "com-pro-mi-sso"?

Em 2004 investigadores da Universidade de Bradley, no Illinois, já tinham concluído que 34% de mulheres em 53 paises diferentes procuravam ostensivamente relações com homens casados. Procurar ostensivamente não é o mesmo que "Olha um gajo casado, como é que veio aqui parar-me ao colo?"

Isto faz-me pensar que as mulheres serão para sempre eternas rivais de si próprias, provavelmente até à extinção da vida humana no planeta Terra. E para lá disso.

A estranha ironia em tudo isto é que as mulheres com gato continuam a precisar umas das outras para validarem as suas escolhas, não só entre rivais mas sobretudo entre amigas.

As escolhas dum homem raramente dependem duma mulher só, mas sim dum escrutínio impiedoso que é feito diariamente pelo grupo de amigas, seja na esplanada dum café qualquer em Portugal, ou no imaginário de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, numa bar trendy em Manhattan acompanhadas dum Cosmopolitan.

O que muitas mulheres com gato parecem esquecer é que para outras tantas a frase a seguir ao e depois? continua com um assustador e depois vieram as vacas e comeram os bois.