domingo, 9 de agosto de 2009

Dharma & Greg

De acordo com o INE a taxa de nupcialidade no nosso país tem vindo a abrandar nos últimos anos.

Em 2006 por exemplo celebraram-se 47.857 casamentos católicos e civis, contra apenas 46.329 em 2007, ou seja, menos 1528 casamentos. E este valor continuou a diminuir ao mesmo ritmo em 2008 com pouco mais de 44.800 ofícios nas conservatórias do registo civil em Portugal.

A primeira conclusão a retirar desta leitura é que contrariamente às expectativas europeias, somos um país cada vez com mais bom senso, mas não só. Somos também um país de pessoas cada vez menos interessadas em dividir o nosso roupeiro com quem quer que seja, e se dúvidas houvessem basta olhar para a taxa de divórcios: números redondos, 50 a cada 100 casamentos.

Uma segunda leitura permite-nos uma análise ainda mais pertinente. Não só queremos cada vez menos dividir o nosso roupeiro com outra pessoa, como metade dos que pensam ahh e tal não deve ser assim tão mau, afinal descobrem que sim, afinal é assim tão mau!

Mas à luz das estatísticas do INE há ainda uma outra leitura possível, essa sim realmente assustadora, senão vejamos: números redondos, das 90.000 pessoas que todos os anos prometem amar-se para todo o sempre, cerca de 45.000 começam à procura de outra pessoa para amar para todo o sempre ao final de 12 meses. É um todo o sempre assim a atirar para o curtinhooo..

É por isto que eu sou a favor do casamento entre pessoas estranhas.

Admito que a ideia pode parecer no mínimo absurda, para não dizer estúpida mesmo, mas só num primeiro momento.

Eu ainda sou do tempo do Impulse e do anúncio do desconhecido que oferecia flores. Isso já lá vai. Como as coisas estão hoje em dia se um desconhecido lhe oferecer flores provavelmente é um qué-frô a tentar fazer negócio. Mas se um desconhecido lhe pedir em casamento, isso não só é Impulse, como é também muito inteligente.

Em primeiro lugar nenhum dos dois conhece o respectivo cônjugue, é portanto garantia de que o estado de graça vai permanecer intacto durante largos meses. Ou seja, quando começar a descobrir aquelas pequenas coisas que a irritam de morte, provavelmente já passou a barreira psicológica do primeiro ano, o mais difícil para a maior parte dos casais. E quem aguenta 1 ano se calhar aguenta 10 ou 20!

A ideia que as actuais estatísticas sugerem é que o casamento é uma espécie de fuga para a frente. Um desfecho lógico mas não apaixonado.

Reparem neste testemunho que só por acaso não saiu na revista Happy de Agosto:

Daniela e Francisco. 8 anos de namoro e acomodados à segurança duma relação que não teve um motivo forte para terminar. Pressionados pela família resolvem dar um passo em frente. O passo lógico. Afinal começa a ficar tarde para pensar em filhos. Porque não?

Certamente nem todos os divórcios apresentam esta patologia, mas para muitos este será o quadro clínico de diagnóstico mais frequente. Muitos casais não encontram motivos fortes para terminarem, mas se calhar também não têm um motivo forte para continuarem. Continuam porque é o que eles e os outros esperam de si próprios.

Ora, o casamento entre estranhos é por si só uma completa aventura. Aqui não existe nenhum passo lógico porque a ideia é absurda, nem existem pressões por parte da família porque verdade seja dita ninguém estava à espera!

Depois há sempre o lado fetichista de ter sexo com um estranho, que afinal é o seu marido! Estão garantidas noites e noites de descoberta e mistério, ao invés do habitual e rotineiro sexo já com 8 anos de idade, aquele que dura quase sempre o mesmo tempo, que se faz quase sempre na mesma posição, e que termina quase sempre com o mesmo sono profundo sem direito a 2ª volta.

O casamento entre pessoas estranhas apresenta ainda outra vantagem que não deve ser subestimada. Não sabendo coisa alguma dos respectivos cônjugues, nem tão pouco quem eles são até à cerimónia propriamente dita, evita-se o contra-poder habitualmente instalado na pessoa das nossas sogras.

Mãe: Tu é que sabes filha, mas cá para mim ficavas muito melhor com o filho do Sr. Bento, lá da Mercearia.

Filha: ... Mãe eu amo o Ricardo.

Mãe: Oh filha mas ficavas tão bem com ele! É um rapaz com juizo. Está a terminar o curso e diz que está muito bem na vida.

Filha: ... Já falamos sobre isso mãe.

Mãe: Tem lá algum jeito agora ires casar com um músico, onde é que já se viu?! E que vida é que ele te vai dar querida?

Na sociedade actual em que vivemos informação é poder, e a falta dela neste caso concreto só traz vantagens. A todas as sogras devia ser interdito o acesso a informações como o grau de ensino dos futuros genros, as qualificações profissionais, se têm ou não emprego, quanto ganham, se têm ou não carro, etc, etc.

A verdade é para ser dita doa a quem doer. As sogras nunca olham para os futuros genros com o coração, mas sim com a cabeça. Ao contrário das filhas que estão apaixonadas, as sogras analisam tudo com um pensamento crítico particularmente acutilante. Posso estar enganado mas está para nascer a sogra que entre um futuro médico cirurgião e um aspirante a músico escolha o aspirante a Bono para a sua filha.

A ideia dum casamento entre estranhos pode continuar a parecer absurda, mas olhando para as estatísticas do INE não existe um único argumento que contrarie de forma assertiva a validade desta opção.
Os números demonstram de forma clara que um período longo de namoro não garante absolutamente nada quando chega o momento da verdade, e com um divórcio a cada dois casamentos apenas ao final de 12 meses, casar com um completo desconhecido oferece exactamente as mesmas possibilidades de sucesso que casar com o seu namoradinho do liceu, 50 – 50. E com uma vantagem. O sexo vai ser sempre uma surpresa. E quem é que não gosta de surpresas?

Por muito disparatada que a ideia possa parecer, a verdade é que já houve quem se lembrasse disto antes, mais precisamente a 24 de Setembro de 1997 quando foi para o ar o 1º episódio da série televisiva Darma & Greg.

Na série da ABC Jenna Elfman e Thomas Gibson interpretam Dharma e Greg, dois absolutos estranhos que conhecem-se e casam-se no primeiro encontro, apesar de serem o completo oposto um do outro. Uma ideia absurda que ao longo dos 115 episódios rendeu um Globo de Ouro, 6 Emmys, e 20 milhões de espectadores/ano nas primeiras 3 épocas.

Dharma & Greg estiveram juntos durante 5 anos, 4 anos mais que metade dos casamentos que se realizam em Portugal.

É verdade que se trata de ficção, mas quantas vezes a realidade imita a ficção, e com resultados supreendentes?

Da próxima vez que um estranho lhe oferecer flores, isso não é Impulse, é quase de certeza um pedido de casamento!

A ideia pode continuar a parecer absurda, mas diga lá que não ficou com vontade de dar um pulinho até à FNAC mais próxima para espreitar os preços do pack da 1ª temporada de Dharma&Greg?

12 comentários:

  1. Vou ter de ter cuidado, se esta moda pega ainda me pedem em casamento de flores na mao. E 1º nao gosto de flores e 2º nao gosto de casamentos!! lol

    Embora o casamento nao me fascine, a ideia parece boa e com lógico.

    Há pouco tempo deu um filme na TV com esse tema, com o protagonista do "American Pie". Dps da morte da amada, ele decide pedir em casamento uma perfeita desconhecida, empregada do café. Ela aceita e bem no fim acabam felizes p sempre e muito in love. mas é um filme, deveria ser assim mesmo. Happely ever after.

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  2. A ânsia de encontrar alguém que nos complete tem se tornado cada vez maior.
    Encontrar a alma gémea o Santo Graal a metade que nos completa é tanto objectivo do homem como da mulher.
    Mas negamos esse desejo e muitas vezes acabamos por nos sujeitarmos a relações passageiras e como tal superficiais que pouco ou nada de positivo nos trazem para a nossa vida a não ser algum alívio sexual.

    São tantas as contradições entre a razão e o coração, os “senão”, os “se” os “porquê” que nos levam a não acreditar no amor a primeira vista ou algo do género.
    Não estamos habituados a lidar com o sentimento e a razão acaba por prevalecer.

    O caminho “óbvio” é o mais difícil de compreender porque o óbvio não tem explicação.
    Somos treinados anos a fio para lidar com o complexo e quando o óbvio aparece não sabemos lidar com isso.
    Provavelmente já deixei passar o amor da minha vida por essa ou outra razão qualquer.

    Se um estranho me oferecer flores provavelmente espirro, sou alérgica e lá se vai o casamento para o caneco loooool

    Célia N

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  3. hummm... vamos ver até onde vai a tua coragem.Casa comigo.

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  4. Bom aqui ficam as minhas respostas às mensagens das minhas queridas leitoras :D

    A Princess:

    Sónia, a ideia do Happly ever after depende apenas do tempo que dura o "ever after" lool

    Célia, vindo de ti uma pessoa que se acobardou quando supreendida em plena rua pelo espectacular convite dum estranho, este comentário parece-me completamente despropositado lool vai pregar para o deserto lol

    Luana, uma coisa é casar com uma estranha outra completamente diferente é casar com uma mensagem.

    beijinhos e obrigadooo!

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  5. Uiui..nao te iludas.Ha mesmo uma estranha por detrás da mensagem. Duvidas? Não me digas que tenho ke ir mesmo à capital para te oferecer flores!

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  6. Caro Pedro vamos por partes então:

    1º Como sabe que o convite nao foi aceite?
    2º Não é a primeira coisa/convite diferente que me aparece (nao te esqueças que eu tenho uma rede tlm unica "Yoigo" :D).
    Sou extremamente conhecida por me acontecerem coisas ineditas,loool.
    3º Nao leu o meu coment?eu digo lá que na maior parte dos casos a "razão" prevalece quase sempre.
    4º Cobardia não corre no meu sangue.
    Esta prevalece sim no sangue daqueles que se fazem corajosos para esconderem a sua fraqueza/insegurança e afins.

    ps:Já preguei no deserto em Novembro 2005 e ainda aproveitei para jantar com uns beduinos que por lá moravam ;)

    beijos e abraços
    Célia N

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  7. A Luana:

    Há sempre uma primeira vez para tudo :P

    A Célia:

    Blá blá bláaaaaaaaa whiskas saketas :|

    Aceitaste ou não?

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  8. Oh pá, mas um Sim dado aqui é bem mais radical.Ou nao?Afinal temos Homem com Cão...ou..ou...temos Cão com Pulgas?

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  9. Se é para falar dos bons modelos que nos são apresentados via TV, aproveitem para conhecer o caso de Alan e Danny, os dois protagonistas de Boston Legal. São dois perfeitos exemplares do homem viril, sempre há procura da sua próxima vítima( gordas magras, altas anãs, tudo vale!!), mas os melhores dos amigos, daqueles de partilharem tudo, mas mesmo tudo(menos as mulheres!!!). São tão amigos que acabam casados....!;))
    Digam lá que este não é outra bom exemplo de como conseguir a felicidade conjugal!!
    Ass:mulhercomcao

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  10. ui isso agora (assobio)...
    Que achas?

    Whiskas saketas :P


    Célia N

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  11. "É por isto que eu sou a favor do casamento entre pessoas estranhas.
    Admito que a ideia pode parecer no mínimo absurda, para não dizer estúpida mesmo, mas só num primeiro momento."

    Várias culturas não ocidentais concordariam contigo...E a verdade é que há muita coisa que resulta...

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  12. é de mim ou elas estão todas a atirar-se a ti?
    cuidado!
    loool

    quanto a mim,temho uma tese particularmente extensa e pessoal, e completamente não generalizadora. Mas não cabia na caixa de comentários.
    Mas, se queres que te diga, o que eu gostava era de casar com o tipo do "A Minha Namorada Tem Amnéisa" (com alguém do tipo da personagem, e não actor, não desfazendo,mas mal o conheço! lol).
    Mas, que queres, sou uma idealista!
    E, sinceramente, não me parece que muitos dos Homens com Cão e Mulheres com Gato se estejam para ralar com questões da categoria "Casamento" neste momento... deve ser por isso que os n.ºs das estatísticas estão a baixar drasticamente.
    Mas aqui fica uma curiosidade.
    Isto é um actor do filme "O Fantasma da Ópera" que disse: no séc. XIX, como as pessoas morriam cedo, quando viviam um grande amor, ou quando se apaixonavam (a sério, não falo das incensíveis atracções físicas), entregavam-se a essa paixão com todo o coração, porque provavelmente não voltariam a viver outra assim durante a sua vida.
    Interprete-se com se entender
    Parabéns pelo blog
    LB

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