quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lets Talk About Sex

Estavamos em 1985.


Ronald Regan começa o seu segundo mandato na casa Branca.
Mikhail Gorbatchev chega a Secretário Geral do partido comunista soviético.
A Coca-Cola quase dava um tiro no pé quando tentou lançar a New Coke.
Em Bruxelas 38 pessoas morrem no estádio Heysel Park, na final da taça UEFA entre o Liverpool e a Juventus.
A França fartou-se dos activistas da Green Peace e afunda o Rainbow Warrior perto de Auckland. Oficialmente foi o fim da Liberté, Igualité et Fraternité.
Algures no Mediterrâneo 4 terroristas palestinianos desviam o Achille Lauro.
A Microsoft lança a primeira versão do Windows, o Windows 1.0.
O mundo inteiro canta We are the World, um clássico do karaoke moderno, e nos Grammy Awards os Salt N Pepa triunfam com o maior hit do ano, Lets talk about sex.

E é precisamente disso que vamos falar, de sexo. Uuuuuh!

Desde 1985 muita coisa mudou.


Em 1985 a população mundial estimava-se em 4.8 biliões de pessoas.
A OMS prevê que em Março de 2009 este valor atinja os 6.8 biliões de pessoas. Ou seja, andámos muuuuito entretidos nos últimos vinte e quatro aninhos...
Especialmente os asiáticos, que só à sua conta contribuiram com mais de 1 bilião de pessoas. Aquilo não é gente, são coelhos.


Porém o valor mais desconcertante é o da América do Sul. Em 1985 eram pouco mais de 401 milhões e até Março de 2009 vão chegar aos 714 milhões. Quase o dobro. Pergunto, o que é que aquela gente anda a comer?!


Do lado oposto estamos “nós”, os europeus. Há 24 anos atrás eramos 710 milhões, 24 anos depois estamos praticamente na mesma: 714 milhões.
Menos sexo? Com as suecas, as dinamarquesas e as holandesas do “nosso lado” tenho sérias dúvidas!


Cada caso é um caso e os números valem o que valem, por isso vamos cingir-nos ao que realmente importa: nós; homens com cão e mulheres com gato.

Os livros sobre sexo vendem aos milhares e são as mulheres quem mais procuram este tipo de literatura.
Nós homens somos mais práticos, e por menos de 30€ por mês temos sexo a qualquer hora. Estou obviamente a referir-me à televisão por cabo, se bem que as brasileiras acompanhem facilmente estes valores.

Então – pergunto eu –, com tanta informação disponível como é possível continuarmos tão longe do Ponto G?

Esta questão serve ambas as partes de forma diferente.
Nos homens com cão o problema exige mais delicadeza, até porque o local propriamente dito é.. erghh.. complicado! É preciso uma abertura diferente digamos assim, e a verdade é que nem todos nós estamos igualmente receptivos...

Depois a maior parte dos homens com cães são também homens com cães estigmatizados, ou seja, pouco disponíveis para serem algo mais que aquilo que a sociedade espera que eles sejam.


Insistem em beber cerveja pela garrafa por exemplo.
Para estes tugas pedir um copo não é sinal de bom gosto e classe, mas uma coisa assim um pouco abixanada que é capaz de cair mal no seio da comunidade.

Eu coloco-me nos antípodas do homem comum que habita o nosso quotidiano, mas não o faço com prepotência. Simplesmente não vejo qualquer semelhança entre mim póprio e esse homem comum que precisa de manifestar o seu agrado por filmes de porrada, carros rápidos e mulheres mais rápidas ainda.


Quase sempre este nativo define-se a si próprio por poucas palavras, não porque faça da modéstia a maior virtude no seu cartão de visita, mas porque simplesmente desconhece tudo o que esteja para lá do prosaico no que à língua portuguesa diz respeito.
Normalmente gosta de se fazer acompanhar por nativos do seu planeta, e celebra a sua ignorância numa espécie de festim em que a vulgaridade é servida em bandeja de prata.


Regra geral estes homens com cães são altamente estigmatizados, e pouco distam dos chimpazés quando com alarde manifestam a sua condição de macho!

Nas mulheres não existe propriamente um estigma social em redor do Ponto G.
Nas mulheres o problema somos nós, os homens!

Apesar de toda a informação disponível, os homens simplesmente não aprendem, e não o fazem porque acreditam genuinamente que já nasceram ensinados!


Cada homem com cão vê em si próprio uma fonte inesgotável de prazer, uma máquina movida a energia nuclear, imparável, imbatível e incansável!
No fundo no fundo, todos nós nos vemos como o coelhinho da Duracell. Somos a última bolachinha do pacote, a última coca-cola do deserto, e não há nada que não possamos fazer com uma mulher, com qualquer mulher, com tooooodaaaas as mulheres!
Sim, porque o mundo é pequeno demais para o nosso ego masculino.

E é aqui que as coisas começam a correr terrivelmente mal.


A maior parte dos homens vê-se como uma espécie de super-homem. Temos jeito para tudo. É algo que nasce connosco.
Somos o Cristiano Ronaldo nos jogos de futebol com os amigos.
O Ayrton Senna quando vamos prego a fundo nas auto-estradas.
O Bob o Construtor quando mudamos torneiras em casa.
E o Rocco Siffredi na cama com as mulheres.

A verdade é porém muito diferente, e se há até quem tenha algum jeito para mudar torneiras em casa, duvido que haja por aí outro Cristiano, outro Ayrton ou outra lenda da indústria porno à espera de ser descoberta.

Uma amiga minha disse-me à relativamente pouco tempo o seguinte: (...) eu acho que descobri a minha sexualidade muito tarde. Traduzindo: não comecei tarde, comecei a entender-me tarde (...)

Este é o principal problema dos homens, das mulheres, dos cães e dos gatos. Na maior parte das vezes não há entendimento entre nós, não há comunicação.

É verdade que a ciência também não ajuda.
Está cientificamente provado que uma relação sexual dura em média 8 minutos.
Dizem os cientistas que o homem pode atingir o orgasmo nos primeiros 2 minutos, mas o normal será entre os 2 e os 4 minutos, enquanto que uma mulher precisa entre 8 a 10 minutos.

Será preciso dizer mais alguma coisa?!

A maior parte das mulheres precisa no mínimo de todo o tempo médio da relação sexual, ou seja os 8 minutos, para poder pensar em ter um orgasmo, sendo certo que pensar e ter são duas coisas completamente diferentes.

Outro dado científico ainda mais curioso é que esse tempo desce drasticamente no caso da auto-medicação. Sozinha uma mulher pode atingir o orgasmo em 4 minutos apenas.

Então porque raio não atingem o orgasmo em 4 minutos connosco?!

A resposta uma vez mais é muito simples e resume no fundo as diferenças que nos separam.


Uma mulher com gato depende dum processo de estimulação mais prolongado e sobretudo mais complexo.
Esses estímulos obedecem a uma lógica emocional, e estão habitualmente relacionados com cargas eróticas reforçadas pelo carinho e afecto que sentem pelo parceiro, ao passo que nos homens... Bom connosco basta baixar as calcinhas mesmo! É terrível mas é verdade, não para todos certamente mas para a maioria, sem dúvida...

Mas mesmo quando as coisas nos correm de feição – ou seja, mesmo quando nos pedem apenas para baixar as calcinhas -, mesmo aí ficamos reféns do nosso ego desmedido. Não damos parte fraca, seguimos em frente como um buldozer descontrolado e arrasamos tudo entre 2 a 4 minutos!


Depois apercebemo-nos que afinal não somos o coelhinho da Duracell, que afinal nunca soubemos jogar futebol como o Cristiano Ronaldo, e que somos mais rápidos que o Ayrton Senna, mas só em linha recta!

É nessa altura que procuramos remediar as coisas, e já com o capacete amarelo do Bob na cabeça pedimos desculpa com um extasiante isto nunca me aconteceu. E puufff... Saimos de cenaaaaa!

As coisas seriam bem mais fáceis se existisse um qualquer GPS sexual capaz de enviar instruções ao nosso cérebro. Bastava introduzir as coordenadas do Ponto G, e arrepiar caminho em direcção à Terra Prometida.
Claro que teriamos sempre aquela voz computorizada a ecoar nas nossas cabeças no próximo cruzamento... vire à direita... a 200 metros.

Não será preciso chegarmos a tanto. Basta que nos entendamos, e para isso é preciso falar, mas mais importante ainda é preciso saber ouvir.

24 anos depois chego à conclusão que os Slat N Pepa eram uns visionários quando em 1985 cantavam para quem quisesse ouvir o tal Lets talk about Sex.

7 comentários:

  1. Como diria um grande nome do jornalismo

    E esta hein...?

    Quando Homem que é Homem assim fala...

    ;)

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  2. Mas para que é serviria o GPS?! Então e onde ficaria o prazer que se tira com o processo de descoberta!??! Quer dizer, com isso, nem seriam precisos os 8 minutos...nem 4, nem 2...30 segundos e pronto! Homens, a ver se nos entendemos, e vamos lá a dismistificar um pouco a questão do orgasmo e do ponto G: metade do prazer que nós, mulheres, atingimos no orgasmo, vem do que que nos leva até ele, ou seja, os chamados preliminares...daí o ficarmos tão frustradas, quando vocês despacham o "acto" em 3 segundos....é como a diferença entre uma refeição rápida, e uma almoço de 3 horas, estão a ver? Até nos deliciamos com um hamburguer, mas dali a 30 minutos já estamos com fome outra vez...Ponto G: amigos, não sei se vocês já perceberam que essa é uma questão que veio à baila para aí há meia dúzia de anos,e que, para mim, é meio mito, meio verdade....serve para vos deixar no eterno suspense: "será que consegui, será que não?" Ou seja, o ponto G é a nossa arma, que usamos exactamente para fazer mossa no tal ego do tamanho do mundo...;)
    P.S. E para quando homens a comentar este Blog? Não acredito que não os aja a lê-lo....
    ASS:mulhercomcao

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  3. Já andava para espreitar este blog há algum tempo... Cruzámo-nos no hi5 e achei piada ao nome, pelo que fiquei curiosa. Para já, não me desiludi.

    Quanto ao post em si, que dizer? Bem, para já, que há muitos mitos e tabus em relação ao sexo. O ponto G, para mim, é um mito, ou antes, ele existe mas varia de mulhar para mulher. O ponto G não é uma cena física, na minha opinião, mas antes o que é necessário para despertar a mulher.
    E é aí que a porca começa a torcer o rabo... Muitos homens preferem mulheres sexualmente inibidas, para que eles possam brilhar e fazer o seu showzinho de sempre.
    Apenas homens muito seguros da sua virilidade e da sua capacidade de proporcionar prazer, querem mulheres sexualmente desinibidas; mulheres que dão, mas exigem prazer; mulheres que assumem a sua líbido sem problemas. E porquê? Porque, na verdade, a maior parte dos homens vive centrado no seu umbigo (ou deverei dizer do seu pénis...?)e receia "apanhar" com uma mulher que lhe diga, abertamente, o que quer, quando quer e como quer.Essas parece que os assustam...

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  4. Outra xs o ponto G?!?!?!?!?

    Mas e se deixassem de falar nele e começassem a tentar exaustivamente encontra-lo????

    Sim homens, é com voces k estou falar...! humpf

    Eu até concordo em falar sobre sexo, nao sou das falsas pudicas. Mas prefiro mil xs, pratica-lo e se possivel mts xs ehehheheheh

    E concordo plenamente com A Gata Christie:
    Definitamente, os homens tem um medo de mulheres que sabem o k kerem... :)

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  5. beeem tanta coisa que aconteceu no ano do meu nascimento!
    infelizmente ainda nao mudei o mundo :/

    dammmmm maybe later!

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  6. Na minha modesta opiniao existe uma pressão demasiado elevada sobre o homem e sua performance.
    Pressão essa que começa no tamanho e espessura do “respectivo” e ainda no desempenho deste.
    A maior parte dos homens dizem ou pensam que a pressão chega atraves das mulheres e da propria sociedade mas muita da pressão também parte da cabeça deles.
    Fico contente cada vez que vejo um homem preocupado com o famoso ponto “G” sinal que os tempos mudaram :)

    Mas nós mulheres não podemos nem devemos atirar as culpas todas para o homem.
    Muitas das vezes a falta de prazer por parte da mulher é culpa dela.
    Não conhecem o proprio corpo e como tal não podem dar as coordenadas para que o GPS encontre o tal ponto “G”.
    Para grande parte das mulheres a masturbação, os acessorios sexuais, filmes porno e outras coisas mais ainda sao tabu o que não as ajuda muito na busca do prazer.

    Mas felizmente tal como os homens mudaram também nós mulheres mudamos.
    Sou mulher e não me causa confusão alguma afirmar que me masturbo,vejo filmes porno e adoro frequentar sex shops.
    Outra coisa que também interfere no prazer é a questão da “quimica”.
    A quimica é daquelas coisas que não é facil descrever nem perceber apenas sente-se.
    É possivel sentir uma “quimica” forte por alguém que não se conhece fisicamente?
    Sim é possivel, levei bastante tempo a aceitar que isso fosse possivel e até depois de tal me acontecer continuei reticente e também renitente a isso.
    Agora posso afirmar que de facto alguém me leva “rubro” como explicar isso?
    Talvez sejam os tempos que mudaram,homens e mulheres mudaram desde 1985 a propria sociedade mudou.

    Lets talk about sex “ ... é preciso falar,mas mais importante é preciso ouvir.”

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