De acordo com o jornal Correio da Manhã, em 2006, data dos últimos dados oficiais publicados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística -, foram decretados 23.935 divórcios. Ou seja, a cada 100 casamentos realizados em Portugal 48 terminaram em divórcio. Isto representa quase 1 divórcio a cada 2 casamentos.
Extrapolando para a União Europeia (já agora, somos 27 para quem anda mais desligado destes fait-divers), o Instituto de Política da Família – um organismo internacional independente - apresentou recentemente em Bruxelas os resultados finais de um estudo que aponta para um casamento dissolvido a cada 30 segundos na União Europeia.
Para quem está a ler este post apenas dois parágrafos bastaram para acontecerem 2 divórcios algures na europa dos 27. À semelhança do que acontece em Portugal, na UE a cada 2 casamentos há um que termina ao estalo, e a este ritmo no final de 2009 a taxa de insucesso vai reclamar quase 1 milhão de separações. É muito estalo.
Reportando-nos ao mesmo período de 2006, a OMS – Organização Mundial de Saúde – estimou na altura que cerca de 1/3 da população mundial sofria de doenças alergológicas como a rinite e a asma, provocadas por poeiras domésticas, pólens e pelos repugnantes àcaros dermatofagóides, aqueles mesmo nojentos que se alimentam de pele morta. Blheeerk...
À primeira vista divórcio e alergias são dois problemas completamente díspares e que não têm qualquer relação directa um com o outro.
No entanto, no universo do Homem com Cão nem tudo o que parece realmente é.
Sem grande esforço encontramos desde logo um ponto em comum entre as separações e as alergias: as duas são o pior pesadelo das seguradoras.
Começando pelos divórcios, em Portugal são directamente responsáveis por 1/3 do incumprimento à Banca, ou seja, custam às seguradoras e às instituições financeiras qualquer coisa como 2 milhões de euros por dia. Ui que até doi!
Ainda vamos ver chegar o dia em que os bancos enviam os gestores de conta dos jovens casais para as igrejas, qual atirador furtivo dos GOES:
Padre: ... Se alguém tem alguma coisa a dizer que fale agora ou que se cale para sempreeee!
(silêncio...)
Gestor de Conta: Ora já que ninguém diz nada se calhar vou eu dizer umas palavritaaaas...
Já as alergias colocam quase 2 biliões de pessoas a dependerem de anti-estamínicos como o Zyrtec, e a correrem sérios riscos de adormecerem ao volante:
Ex-Alérgico: Quem és tu?!
São Pedro: Eu? Eu sou São Pedro, o Guardião das Portas do Céu...
Ex-Alérgico: O Guardião?! Mas porquê?!
São Pedro: Porque tenho as chaves possas! Não vês?!
Ex-Alérgico: Não! Eu queria dizer “mas porquê??!” Porque é que eu estou aqui?!
São Pedro: Ahh! Desculpa lá meu filho mas normalmente ninguém repara nas chaves! Oh meu filho tu estás aqui porque tomaste aquele zyrtec para a rinite, lembras-te?
Ex-Alérgico: Quer dizer que... eu... morri?
São Pedro: Pois, olha pensa assim meu filho, pelo menos já não espirras mais pronto!
Mas as coincidências não acabam aqui. Na verdade para qualquer homem com cão que sofra de rinite alérgica e que seja, ou já tenha sido casado, existe de facto uma relação directa entre as alergias e o divórcio. Pertinente e perniciosa... Vejamos o seguinte caso prático:
A semana de trabalho foi longa e cheia dos habituais problemas com o chefe que é uma besta, e que insiste em fazer da nossa vida um inferno para aligeirar a dele que não faz sentido nenhum.
Entretanto recebemos mais uma coima das finanças, aparentemente porque pagamos a última fora de prazo. Como todas as anteriores esta também ficou nos CTT até ao último dia.
Pelo meio a habitual correria do trabalho para a escola dos nossos filhos, a olhar para o relógio parado no trânsito, ou soterrado de gente nos transportes públicos, sem tempo para mais nada a não ser tentar chegar a casa o mais cedo possível, quase sempre tarde demais.
Depois vem o banho dos filhos, demorado porque para eles banheira rima com brincadeira, e com todo o tipo de brinquedos que flutuem, mesmo aqueles que não foram feitos para flutuar.
Segue-se o jantar, colocar a mesa e ajudar com os livros de pintura, tudo isto enquanto ficamos a saber que o Afonso meteu areia nos bolsos do Rodrigo, a Maria fez birra porque queria brincar na casinha das bonecas, e o José deu um soco ao nosso filho no intervalo. Nota mental: falar com o pai do José.
Depois do jantar há que lavar a louça, arrumar a cozinha, a mochila da escolinha para o dia seguinte, preparar a roupa, a dos nossos filhos e a nossa, brincar com os miudos, adormecer os miudos, e tentar não adormecer também para vermos 10 ou 20 minutos de televisão, antes de finalmente adormecermos.
A este ritmo a semana passa depressa e chegados a 6ª Feira perspectivamos enfim o merecido dia de descanso, sem agenda e sem horários. Certo? Ergh.. Errado.
Ela: Esta casa está um nojo! E tu não fazes nada!
Ele: Eu?! Limpei isto tudo na semana passada...
Ela: Olha, e limpaste muito bem sem dúvida!
Filho: Paaa-iiii... Vamos jogar à bolaaaa...
Ele: Já vamos filho... Depois do almoço.
Ela: Depois do almoço vais aspirar a casa!
Filho: Paaa-iiii... Vamos ao McDonalds?
Ela: Vais outra vez ao McDonalds?
Ele: Oh filho vamos noutra altura...
Filho: Ohpaaaaa!
Ela: Vai lá ao McDonalds! Depois dizes que a culpa é minha!
Filho: E podemos jogar à bola depois Paaa-iiii?
Ele: Oh filho temos de limpar a casa...
Ela: Se tivesses limpo bem na semana passada agora não precisavas de limpar outra vez!
Ele: É só o que faço cá em casa, limpar isto tudo!
Ela: Ohh! Tu não fazes nada! Se não for eu a fazer...
Filho: Paaa-iiii... Compras uma pastilha a seguir?
Ele: Compro filho...
Ela: Só coisas boas! McDonalds, pastilhas... Não te esqueças é de limpar a casa!
Ele: Não vais ajudar?
Ela: Tenho trabalho no escritório, e a seguir vou à Luisa fazer a depilação, as unhas e uma esfoliação.
...
E num ápice a nossa merecida tarde de descanso, sem horários e agenda, transformou-se numa luta sem quartel com o pó e com os ácaros dermatofagóides, o que para um homem com cão com rinite alérgica é quase tão agradável como comer lâmpadas à dentadaaaa.
Mudar o saco do aspirador, sacudir o pano do pó, arrastar móveis, sacudir mantilhas e carpetes, com o nariz a pingar enquanto espirramos vezes sem conta atacados por uma persistente comichão capaz de irritar o mais paciente dos otorrinos, é nisto que se transformou o nosso merecido dia de descanso. Num campo minado de ácaros!
Pergunto eu, não haverá aqui afinal uma relação qualquer entre o divórcio e as alergias? Hummm?
Há que perceber que o paciente alérgico, tal como nos divórcios, não nasce hiperreativo. Ou seja, não nasce divorciado.
Normalmente, a hipersensibilidade a determinada substância surge depois de muitos anos de co-existência pacífica, numa altura em que começamos a desenvolver sintomas de intolerância tardios. Vou só sublinhar esta parte dos sintomas de intolerância tardios...
Traduzindo para miudos, o quase-alérgico começa a espirrar com alguma insitência sempre que se vê em contacto com o pó, já o quase-adivorciado começa a pensar no assunto com alguma insistência sempre que se vê em contacto com o aspirador.
Mais pontos em comum. O primeiro desenvolveu uma reacção alérgica ao pó, o segundo à mulher.
Na minha modesta opinião são coincidências a mais.
Se por acaso o seu homem com cão começou a espirrar de forma persistente, em vez duma caixa de anti-estamínicos pense melhor e invista numa mulher-a-dias aos fins-de-semana, e não deixe o seu marido literalmente entregue aos bichos.
Lembre-se, os problemas são como os àcaros, não se vêm mas estão lá.