sábado, 28 de fevereiro de 2009

Nós, os carros, vocês e os homens



Dizer que existe um mundo de diferenças entre nós – homens com cão e mulheres com gato -, é no mínimo ser redundante e muito pouco original.

É o mesmo que ouvir o Paulo Bento dizer numa conferência de imprensa anterior a um qualquer jogo do Sporting, que existem 3 resultados possíveis: a vitória, o empate ou a derrota.
Ora, eu não tenho nada contra o treinador do Sporting nem contra o seu corte de cabelo, mas o homem é dado a este tipo de extravagâncias absurdas.
Não raras vezes sai-se com preciosidades como a vitória vale 3 pontos, o empate 1 e a derrota zero, ou então aquele que é para mim o tesourinho mais deprimente de todos: o zbordingue vai entrar em campo com onze jogadores.

Pergunto, há necessidade?

Connosco – homens com cão e mulher com gato - as coisas são mais ou menos assim.
Não vale a pena dizer que somos diferentes, até porque isso fica logo esclarecido quando aos 3 ou 4 anos de idade damos conta de que afinal o xixi não sai sempre pelo mesmo sítio!

Mas no meio de tantas diferenças há igualmente algumas semelhanças, e pelo menos um desses denominadores comuns merece um olhar mais atento, até porque tem tanto de surpreendente como tem de desconcertante.
E aqui vai a grande revelação: na hora de escolherem um homem com cão, as mulheres com gato seguem exactamente o mesmo padrão irracional que nós utilizamos quando escolhemos um carro.

Eu sei que a ideia assume contornos absurdos, quase idênticos aos disparates a que o treinador do Sporting nos habituou, mas debrucemo-nos um pouco mais sobre esta questão.


Homem com Cão: Boa tarde, olhe eu queria escolher um carro mas estou um pouco indeciso... Será que pode ajudar-me?

Vendedor Honesto: Concerteza! Primeiro que tudo é importante saber o que valoriza mais num carro, para fazermos a escolha certa naturalmente...

Homem com Cão: Naturalmente... Bom, acho que a segurança é muito importante nos dias de hoje. Segurança, carácter... Acima de tudo que seja fiável e que não dê problemas, um carro com o qual possa contar e que me faça sentir seguro e feliz!

Vendedor Honesto: Completamente de acordo! Olhe, penso que este modelo vai ao encontro das suas necessidades. É um carro extremamente seguro, transmite confiança logo no primeiro contacto. Este é sem dúvida um carro para a vida, além do mais é excelente para as crianças...

Homem com Cão: Crianças... Pois temos que pensar nisso também... Mas não sei se é isto que eu quero...

Vendedor Honesto: Olhe então e este? Este carro é completamente diferente. É mais musculado, muito potente, muito sexy, e está super na moda. Com este carro nas suas mãos rotina é uma palavra da qual você não vai lembrar-se durante muito tempo, garanto-lhe!

Homem com Cão: Bem, estou impressionado! Que máquina! Confesso que é um carro muito bonito... Enche a vista! Parece perfeito!

Vendedor Honesto: Sim, é muito bonito. Mas não vou mentir-lhe, até porque sou uma pessoa honesta. Obviamente que se trata dum carro limitado em muitos aspectos. Foi concebido apenas e só para porporcionar prazer. É óptimo para dar umas voltinhas ao fim-de-semana, mas se quer fazer projectos a longo prazo, com este tipo de carro eu pensava duas vezes...

Homem com Cão: Mas é tão bonito...

Vendedor Honesto: Sim, é. Mas repare, também precisa de ter mãozinhas para este carro, caso contrário corre um sério risco de sair magoado disto um dia.

Homem com Cão: Pois... Se calhar devia ir para o carro mais familiar.

Vendedor Honesto: Se valoriza a estabilidade sim. Eu tenho a certeza que vai ser muito feliz com o familiar. Raramente temos qualquer queixa. É um carro para toda a vida como já lhe disse. Fiável, certinho, user-friendly... É um carro que vai tratar de si e vai estar sempre lá quando precisar.

Homem com Cão: Eu devia mesmo escolher este não é?

Vendedor Honesto: É acima de tudo uma decisão racional, porque no fundo você sabe que é o tipo de carro que você precisa nesta fase da sua vida.

Homem com Cão: Pois, eu sei.... Mas o outro é tão espectacular! Não posso levar os dois...

Vendedor Honesto: Poder pode, mas é uma grande despesa...

Homem com Cão: Não posso mesmo. Tenho de escolher um. Qual é o mais barato? Com esta crise, sabe como é, isto toca a todos....

Vendedor Honesto: Olhe sem dúvida o familiar. É outra vantagem. A exclusividade paga-se percebe? Este é um modelo mais popular no fundo. O outro é um carro muito mais caro, e vai sair-lhe mais caro ainda no futuro. Só em manutenção... Ui ui!

Homem com Cão: Nada que já não tenha acontecido aliás...

Vendedo Honesto: Vê? Você até sabe do que estou a falar... Então vamos para o familiar?

Homem com Cão: Olhe, vamos para o desportivo! É lindo de morrer!

No essencial é mais ou menos assim que funcionamos.
Passamos horas de stand em stand, levamos resmas de folhetos, catálogos e desdobráveis para casa, devoramos páginas e páginas de publicações especializadas, tudo para conseguirmos reunir o máximo de informação possível sobre o nosso futuro carrinho de estimação.

Durante dias e semanas falamos sempre do mesmo nas conversas de café, a ponto de nem os nossos melhores amigos suportarem já tanta indecisão.
No final vamos sempre para o mais giro, o que tem mais estilo, e que vem equipado com aquelas jantes em alumínio que mais ninguém tem.
Sim, porque o carro pode ser uma merdinha mas ai de qualquer homem com cão que se preze que saia do stand sem umas boas jantes em alumínio! Passa logo a ser motivo de troça em plena via pública.

Esta é outra coisa inexplicável no universo masculino. Nós não abdicamos de gastar mais de 1000€ numas jantes em alumínio, mas se o carro for para a nossa esposa então qualquer coisa com tampões em plástico serve perfeitamente, porque é absurdo gastar mais de 1000€ numas jantes em alumínio. Pois...

Vamos agora trocar a palavra “carro” pela palavra “homem”, e desta feita a protagonista é uma mulher com gato.

Mulher com Gato: Boa tarde, olhe eu queria escolher um homem mas estou um pouco indecisa... Será que pode ajudar-me?

Vendedor Honesto: Concerteza! Primeiro que tudo é importante saber o que valoriza mais num homem, para fazermos a escolha certa naturalmente...

Mulher com Gato: Naturalmente... Bom, acho que a segurança é muito importante nos dias de hoje. Segurança, carácter... Acima de tudo que seja fiável e que não dê problemas, um homem com o qual possa contar e que me faça sentir segura e feliz!

Vendedor Honesto: Completamente de acordo! Olhe, penso que este modelo vai ao encontro das suas necessidades. É um homem extremamente seguro, transmite confiança logo no primeiro contacto. Este é sem dúvida um homem para a vida, além do mais é excelente para as crianças...

Mulher com Gato: Crianças... Pois temos que pensar nisso também... Mas não sei se é isto que eu quero...

Vendedor Honesto: Olhe então e este? Este homem é completamente diferente... É mais musculado, muito potente, muito sexy, e está super na moda. Com este homem nas suas mãos rotina é uma palavra da qual você não vai lembrar-se durante muito tempo, garanto-lhe!

Mulher com Gato: Bem, estou impressionada! Que máquina! Confesso que é um homem muito bonito... Enche a vista! Parece perfeito!

Vendedor Honesto: Sim, é muito bonito. Mas não vou mentir-lhe, até porque sou uma pessoa honesta. Obviamente que se trata dum homem limitado em muitos aspectos. Foi concebido apenas e só para porporcionar prazer. É óptimo para dar umas voltinhas ao fim-de-semana, mas se quer fazer projectos a longo prazo, com este tipo de homem eu pensava duas vezes...

Mulher com Gato: Mas é tão bonito...

Vendedor Honesto: Sim, é. Mas repare, também precisa de ter mãozinhas para este homem, caso contrário corre um sério risco de sair magoada disto um dia.

Mulher com Gato: Pois... Se calhar devia ir para o homem mais familiar.

Vendedor Honesto: Se valoriza a estabilidade sim. Eu tenho a certeza que vai ser muito feliz com este homem. Raramente temos qualquer queixa. É um homem para toda a vida como já lhe disse. Fiável, certinho, user-friendly... É um homem que vai tratar de si e vai estar sempre lá quando precisar.

Mulher com Gato: Eu devia mesmo escolher este não é?

Vendedor Honesto: É acima de tudo uma decisão racional, porque no fundo você sabe que é o tipo de homem que você precisa nesta fase da sua vida.

Mulher com Gato: Pois, eu sei.... Mas o outro é tão lindooooo! Não posso levar os dois...

Vendedor: Poder pode, mas é uma grande despesa...

Mulher com Gato: Não posso mesmo. Tenho de escolher um. Qual é o mais barato? Com esta crise, sabe como é, isto toca a todos....

Vendedor Honesto: Olhe sem dúvida o familiar. É outra vantagem. A exclusividade paga-se percebe? Este é um modelo mais popular no fundo. O outro é um homem muito mais caro, e vai sair-lhe mais caro ainda no futuro. Só em manutenção... Ui ui!

Mulher com Gato: Nada que já não tenha acontecido aliás...

Vendedo Honesto: Vê? Você até sabe do que estou a falar... Então vamos para o familiar?

Mulher com Gato: Olhe, vamos para o desportivo! É lindo de morrer!

Bom, se calhar a ideia já não parece assim tão absurda afinal...
Absurdo talvez só a parte do vendedor honesto, porque no essencial nós, os carros, vocês e os homens, é tudo muito idêntico. Só mudam as jantes.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Loiras e Morenas na net



Não há muito tempo atrás conheci uma mulher com gato, na casa dos 30, divorciada e com um filho, ou seja, um arquétipo comum na net como são os homens com cão, na casa dos 30, divorciados e com um filho.

Até aqui nada de anormal portanto. Continuemos.

Em conversa acabei por saber que esta mulher com gato gosta de George Orwell. Um dos seus filmes favoritos é aliás o filme homônimo do mais famoso romance de Orwell, 1984.
Até aqui tudo bem, pese embora esta coisa do Orwell cause alguma estranheza...

Mais uns dedos de conversa e continuamos para queijo! Ainda na categoria cinema, poucos minutos depois fico a saber que um dos realizadores preferidos desta mulher com gato é Phillip Kaufman, e que o seu filme favorito venceu um óscar e um BAFTA em 89.

Faço uma pausa...
Fico na expectativa de que ela me diga o nome do filme.

Ela também faz uma pausa...
Aparentemente fica na expectativa de que eu advinhe.

Afinal tratava-se da Insustentável leveza do ser. Humm, pois...

O pior já passou, pensei eu na minha inustentável leveza de espírito.



Mas não tinha passado.



Ainda a tentar refazer-me do BAFTA de 89, e logo fico a saber que os seus actores predilectos são Gary Cooper e Ingrid Bergman, e que os dois estão simplesmente soberbos numa outra adpatação para cinema dum clássico da literatura americana, Por quem os sinos dobram de Ernest Hemingway.

Queijooooooo!

Mudo de assunto. Fotografia, um tema completamente insuspeito.

Eu: Então, dizes no perfil que gostas de fotografia! Costumas fotografar muito?

Ela: Nem por isso, mas adoro Linda Bergkvist.

Ok, queijooooooo!

Agora à beira do desespero faço uma última tentativa para reactivar a circulação sanguínea, sem recorrer ao habitual truque do garfo espetado na perna.

Eu, um pouco a medo: Então dizes no teu perfil que gostas de viajar...

Ela: Ai adorooo! Especialmente para Itália!

Eu, ainda a medo: Ai sim? Olha por acaso estive à pouquíssimo tempo em Roma.

Ela: Ah! Roma! As fachadas romanas clássicas de cores ocres. A cada esquina a memória do império numa pirâmide, numa coluna, numa parede, num obelisco, numa ruína...

Esta mulher com gato continuou com uma descrição capaz de aborrecer de morte até o próprio Eça de Queiroz – aborrecer de morte não foi um trocadilho -, mas confesso que perdi-me na parte do obelisco, e a partir daqui entrei naquela fase Charlie Brown, em que só ouvimos a voz difusa da professora sem perceber realmente o que ela está a dizer.

Curiosamente, pouco tempo depois conheço uma outra mulher com gato (a quem vamos chamar Mulher com Gato B), também na casa dos 30, também divorciada e também com um filho.

Grosso modo, a partir dum certo ponto a conversa foi mais ou menos esta:

Mulher com gato B: Eu axo a idea de crer fazer algo romantico romantico.

Eu: Pois, é romântico fazer algo romântico... Costuma ser pelo menos! Se é romântico!

Ela: Ya! Mas sabes, infelizmente o romantismo ja nao existe, por isso e que quando se faz algo romantico isso é bué romantico!

Eu: Pois... Olha nunca tinha pensado nisso dessa forma...

Ela: Passeos na praia por exemplo e romantico...

Eu, já cheio de urticária: Passeos...

Ela: Ya na praia! Eu curto isso... E jantar a luz da vela, apesar de ser uma cena que já esta muito vista.

Eu: Mas é sempre giro um jantar à luz das velas...

Ela: Por favor! Aonde é que esta a imaginacao?

Eu: Pois, é capaz de ser um pouco kitsch...

Ela: O que?

Eu: Está muito visto, é isso!

Ela, que entretanto começa a colocar acentos: Eu nao sou muito desses filmes. Que dévo dizer gosto basicamente que me digam logo o que quérem!

Eu, já a encher-me de anti-estamínicos: Ah pois. Por vezes é melhor assim!

Ela, ainda na fase dos acentos: Dizem logo o que quérem e eu decido se quéro ou se dévo ignorar!

Eu: Pois fazes bem!

Ela: Tems msn lol

Eu: Está com um vírus sabes... Não consigo abrir aquilo!

Ela: Os homens hoje só querem molhar a pinça lol

Eu: É... Molhar a pinça é o que não falta!

Ela: Podes crer! E ainda por cima sem crerem conhecer uma pessoa!

Confesso que aqui não consegui escrever nada...

Ela: Hoje em dia basta um corpo bonito e até vao la com um saco de papel na cabeca. Olha amanda ai o teu msn lol

....

Foram dois excertos retirados de duas conversas na net, com duas mulheres com gato. A mulher com gato A e a mulher com gato B.
Entre elas existem algumas semelhanças e apenas uma diferença.

Estão ambas divorciadas e na casa dos 30.
Vivem as duas sozinhas com os filhos.



Uma é loura a outra é morena.


(continua)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Os homens preferem mesmo as loiras?



Apresento-vos a melanocortina 1, ou a MC1R como é conhecida na comunidade científica internacional.
A MC1R actua especificamente nas células que produzem melanina, ou seja, trata-se duma proteína que ao ser activada inibe a produção de melanina no nosso organismo, a pigmentação que dá cor à nossa pele e cabelos.

A ausência desta pigmentação define portanto até que ponto determinado indivíduo tem a pele e o cabelo mais claros ou mais escuros. Quanto maior for a concentração de melanina, mais escura será a pele e mais pretos os cabelos, o que naturalmente faz-nos pensar melanina é coisa que não falta nos países africanos.

Por oposição, quanto mais activa for a MC1R no nosso organismo mais clara será a pele, e obviamente os cabelos. Daí a não ter que pintar as raízes de preto todos os meses é um tirinho, e está explicado o fenómeno das loiras verdadeiras que habitam o planeta Terra.

Parcialmente, pelo menos.

Desde que me conheço sempre ouvi dizer que Os homens preferem as Loiras.
Não sei se será bem assim. Falo por mim obviamente, mas em 35 anos, 5 meses e 21 dias de existência só por 3 vezes preferi realmente as loiras, e numa dessas ocasiões um palmillere recheado foi razão suficiente para colocar fim a uma relação que não iria chegar a parte alguma, em abono da verdade.

Não quero parecer insensível mas quando um palmillere recheado consegue colocar-se no meio duma relação, das duas uma: ou não há relação e ponto final, ou ela é filha do dono da pastelaria e ficou lixada porque andavamos sempre a cravar bolinhos de manhã ao pequeno-almoço.

Outra história para outro post, quem sabe.


Em 1953 Howard Hanks dirigiu Os Homens Preferem as Loiras, um dos filmes que ajudou a imortalizar Norma Jean Baker, a loira mais conhecida de sempre, e para sempre conhecida como Marylin Monroe.

Marylin vestiu a sua própria pele a caminho do estrelato, tornou-se um ícone sexual no mundo inteiro, e o símbolo máximo da sensualidade feminina, algo até então pouco valorizado mesmo pelas próprias mulheres, aprisionadas num espartilho de ideias ultra-conservadoras que a loira Norma Jean Baker ajudou a desfazer, antes de Mary Quant inventar a mini-saia 7 anos mais tarde, em 1960, mudando para sempre a imagem que a mulher tinha de si própria ao espelho.

Tudo começou com Marylin, e se uma loira conseguiu mudar o mundo pergunto-me o que não conseguiria fazer o Sócrates se tivesse nascido loiro! Provavelmente teria comercializado o Magalhães com umas pequenas cortinas à frente do ecrã, muito úteis para encerrar o windows...

Mas nem tudo são rosas. Marylin deixou igualmente um legado que ainda hoje pesa e de que maneira nas raizes de todas as mulheres com excesso de melanocortina 1.
Se hoje em dia a sociedade olha para as loiras essencialmente como mulheres superficiais, fúteis e egocentradas na sua beleza e no seu bem estar, isso em grande parte se deve a Marylin quando cantou para o mundo inteiro Diamonds are a Girl’s best friend.

Depois disso outras se seguiram, a mais famosa das quais Madonna que em 1985 chegou ao primeiro lugar da U.S. Billboard com Material Girl, colocando milhões de loiras no mundo inteiro em delírio agora que tinham finalmente uma música só sua.

Curiosamente, o videoclip de Material Girl foi inspirado em Marylin Monroe no Diamonds are a Girl’s best friend.
Madonna aparece num elegante vestido cor-de-rosa, rodeada de homens que não hesitam em oferecer-lhe jóias de valor inestimável. No final Madonna entrega o seu coração ao único homem que lhe ofereceu flores – ou seja, o único gajo sem guito -, desconstruindo totalmente a imagem que a própria canção ajudou a edificar: the boy with the cold hard cash Is always mister right.




Uma dura realidade em muitos casos, aqui já com as morenas também metidas ao barulho, passe a expressão.

Outro assunto para outro post.

O mais estranho é que apesar de saberem de tudo isto, a generalidade dos homens com cão continua de facto a preferir as loiras. Pasme-se!

Encontrar razões para isto é o mesmo que procurar uma razão para votar no PS nas próximas eleições legislativas. Não e-xis-temmmmm!

A única coisa que sabemos - eu de facto sou um homem com cão muito bem informado – é que esta preferência pelas loiras começou há um tempiiiiinho atrás.
...
Há 11 mil anos para ser preciso.

De acordo com estudos científicos – isto dito assim ganha logo outra consistência -, o nosso fascínio pelas loiras remonta ao tempo das cavernas.

Prevendo existirem neste preciso momento várias mulheres com gato que estão já a olhar de soslaio para este post, adianto que a tese foi publicada pelo antropólogo canadense Dr. Peter Frost, na revista científica Evolution and Human Behavior. É portanto coisa séria!

A investigação do Dr. Peter Frost concluiu que os primeiros cabelos loiros surgiram há 11.000 anos atrás no norte do continente europeu, devido a uma grande escassez de alimentos, na parte final da Idade do Gelo.

Nessa altura o nosso principal sustento provinha da caça, uma tarefa secularmente entregue aos homens.
À medida que as grandes manadas de mamutes e bisontes começaram a deslocar-se para sul, os homens das cavernas do norte europeu viram-se obrigados a viagens cada vez mais longas e cada vez mais perigosas, que resultaram na morte de muitos homens nas diferentes tribos.
Quando não eram esmagados pelos mamutes, ou comidos à dentada pelos tigres-dentes-de-sabre, simplesmente sucumbiam às agruras da viagem.

De acordo com o Dr. Frost, a redução drástica da quantidade de homens levou a que a pressão sexual nas mulheres aumentasse consideravelmente.
E foi mais ou menos por esta altura que os homens passaram de caçadores a presas. As mulheres do norte da europa partiram literalmente à caça, mas não foi de bisontes, de renas ou de mamutes.

As mulheres das cavernas começaram a competir umas com as outras, e a preferência dos homens que sobraram foi precisamente para as loiras de olho azul, nunca antes vistas para lá da tundra gelada do norte da Europa.

Se pensarmos bem, foi mais ou menos por esta altura que começaram a surgir diálogos assustadoramente actuais:

Mulher das Cavernas 1: “Uga! Estou passada!”
Mulher das Cavernas 2: “Uga! O que foi?”
Mulher das Cavernas 1: “Aquela cabra da caverna do 3º Esquerdo! Roubou-me o meu Xico!”
Mulher das Cavernas 2: “A fulaninha com aquela cor horrivel de cabelo? Estás a gozar?!”
Mulher das Cavernas 1: “Olha bem para a minha móca! Achas que estou a gozar?!”
Mulher das Cavernas 2: “Ai miga... E agora vais fazer o quê?”
Mulher das Cavernas 1: “Vou rebentar-lhe o focinho todo! Uga!”

Claro que nesta altura as mulheres não tinham gato, e não eram tão eerghh.. polidas como hoje em dia. Mas na essência pouco mudou nos últimos 11.000 anos.

E foi assim que dum momento para o outro as loiras começaram a espalhar-se um pouco por todo o lado, mas foi também nesta altura que assinaram uma sentença de morte para a sua “espécie”.

O cruzamento com homens do sul da europa, muito mais expostos aos raios UVA e UVB, de pele e cabelos escuros e com uma produção de melanina muito superior, anulou a acção da melanocortina 1.

Cento e dez séculos depois as loiras genuínas são cada vez mais raras, e de acordo com um estudo recente da OMS dentro de 200 anos deixarão de existir pessoas naturalmente loiras.
Isto porque actualmente são cada vez menos as mulheres com gato que carregam consigo o gene MC1R que tanto parece fascinar os homens com cão, como fascinou os homens com mamute há 11.000 anos atrás.

A Organização Mundial de Saúde determinou inclusivé uma data para o dia do juízo final entre as loiras. O último ser humano genuinamente loiro deverá nascer algures na Finlândia em 2202.
Depois disso, loiras só no Canal História onde por sinal ainda se vê o Benfica a ganhar campeonatos como se não houvesse amanhã.

Para as loiras não há mesmo amanhã, e para nós, homens com cão, temos pouco menos de 200 anos para tratar de arranjar uma que não pinte as raizes de preto, que não queira cobrir-se de diamantes como a Marylin, sacar-nos o guito todo como a Madonna, e sobretudo que não queira um casaco de pele de mamute novo a cada estação.

Seja como for a dúvida persiste.
Os homens preferem mesmo as louras?

Nesta questão eu faço do silêncio a minha resposta.
Afinal quem sou eu para contrariar 11.000 anos de história?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Good Night and Good Luck

Todos nós sem excepção passamos por momentos definidores ao longo da nossa existência. É inevitável, e por mais injusto que possa parecer, ocasionalmente deparamo-nos com momentos assim, situações que por si só definem tudo, ou quase tudo.

É a lei da vida. É o vai ou racha, o tudo ou nada, o matar ou morrer, ou nas palavras do filósofo - treinador - desempregado - milionário Luiz Felipe Scolari, é o mata mata!

O meu primeiro mata-mata aconteceu ainda durante a primária, por sinal no tal colégio particular junto ao tal café na Avenida Luisa Todi, onde as quatro mamãs falam de tudo enquanto eu tomo o meu pequeno-almoço.

Sempre fui muito introvertido na minha forma de estar. Discreto e confortavelmente instalado no anonimato da minha existência, apenas interrompido na quadra natalícea, altura em que as festas do colégio faziam brilhar o meu maior talento: a representação.

Excepção feita ao teatro, a minha passagem pelo Externato Diocesano teria sido bastante discreta até, não fosse o tal mata-mata ao qual fui intimado a comparecer por um daqueles miudos gordos que tinha fama de bater em toda a gente.
Fama e proveito a julgar pela carga de porrada que eu levei nessa tarde, mas depois disso o pátio da escolinha voltou a ser um lugar seguro, e o bárbaro não voltou a roubar-me um único berlinde!

Passaram quase 30 anos depois desse primeiro e infâme mata-mata.
O puto dos óculos e do aparelho metálico cresceu, já não joga ao berlinde, nem à carica e nem ao espeta.
As brincadeiras agora são outras, mas no fundo no fundo continua tudo na mesma, e é este o drama dos homens que passeiam os seu cães sozinhos na rua. Ocasionalmente damos connosco de novo no pátio da escolinha a olhar o medo nos olhos, e a lutar pelos nossos berlindes.

Admito que o eufemismo pode ser de gosto duvidoso, mas é exactamente disto que se trata! Salvar os berlindes!

Passo a explicar.

As mulheres acusam-nos frequentemente de estarmos demasiado focados na nossa performance sexual, mais até do que nelas próprias.
Para a maior parte das mulheres com gato, vivemos obcecados com o tamanho do nosso mini-me, e com os truques que orgulhosamente fomos aprendendo com as divas da indústria pornográfica – quem disser que não vê filmes porno das duas uma, ou está a mentir ou está a mentir.

A opinião generalizada entre as mulheres é que nós homens sobrevalorizamos o sexo, e esquecemos pormenores que são tão ou mais importantes para qualquer mulher com gato, como aniversários de namoro, casamento, ou o dia em que demos o primeiro beijo.

Haverá excepções naturalmente, mas grosso modo não contesto.

Porém, é importante perceber o PORQUÊ deste paradigma entre os homens com cão.
Porque motivo ficamos então reféns duma boa performance sexual?
Porque razão a nossa felicidade parece depender tanto duma grande foda?
Porque é que tratamos o nosso coiso por tu, e falamos com ele como se fosse uma pessoa?
E mais importante ainda, porque raio é este o nosso mais temido mata-mata?

A resposta é simples. um homem com cão que falhe na hora h tem duas opções: doar os seus orgãos à ciência ou fugir para uma ilha deserta e só depois doar os orgãos à ciência! E porquê? Porque nós somos o vosso assunto preferido!


Para o bem ou para o mal um dia em que duas amigas não falem de nós –homens - em conversa de café, provavelmente será um dia depois dum meteorito do tamanho do Evareste ter atingido a terra, e aí sim acredito que esta conversa não aconteça porque entretanto não sobrou ninguém para contar a históriaaaa!

E o pior de tudo é que quanto mais conhecemos diferentes mulheres com gatos, mais sabemos que assim acontece, e maior é a pressão e o medo de não conseguirmos salvar os berlindes no tal momento do tudo ou nada!

Quando duas ou mais mulheres dividem uma mesa de esplanada é certo que irão falar de namorados, de ex-namorados, e de candidatos a futuros namorados!

Ao contrário de nós – homens - as mulheres com gatos não parecem ter quaisquer reservas relativamente ao teor das conversas.
Falam de tudo umas com as outras, desde o tamanho à robustez, desde a eficácia ao tempo que durou. Se foi bom ou se foi mau e quantas vezes foi. Se adormeceu logo a seguir ou se quis conversar. Falam das posições preferidas e até daquilo que se disse pelo meio.

Um homem com cão que seja assunto numa dessas mesas de café pelas piores razões, pode começar a enviar postais para Marte porque aqui na Terra está liquidado.

Se num grupo de 4 mulheres com gato, 3 falam de tudo e uma não diz absolutamente nada, é apenas uma questão de tempo até que se conheçam as verdadeiras razões:

Mulher Satisfeita 1: “Então e tu querida estás tão caladinha...”
Mulher Insatisfeita: “Oh, eu não quero maçar-vos com os meus problemas.”
Mulher Satisfeita 2: “Então mas o que se passa? Está tudo bem com o Zé?”
Mulher Insatisfeita: “Não! Está tudo mal!”

Como viram em coisa de 20 segundos chegamos à parte em que começamos a enviar postais para Marte.

E isto acontece porquê, perguntamos nós na nossa infinita ingenuidade?
Porque as mulheres com gato são acima de tudo ferozes adversárias umas das outras. Vivem em permanente competição entre si, e isto é um facto histórico.

Actualmente estima-se que existam no mundo 1,2 mulheres para cada homem. À primeira vista o número não parece preocupante, mas a maior parte das mulheres com gato não vê as coisas com tanta ligeireza.


Para elas isto não é UM problema mas sim O problema.
De facto a crueza dos números mostra-nos que a cada 5 mulheres uma fica a falar sozinha, e se há coisa com a qual as mulheres com gato não suportam viver, essa coisa chama-se rejeição.

É no fundo esse medo primário de ficar para trás, que motiva as mulheres com gato a encararem tudo aquilo que fazem com a mesma seriedade com que nós homens olhamos para o futebol, talvez a maior das nossas religiões. E nenhuma mulher quer ficar para trás, especialmente quando o assunto passa pela cama.

Um exemplo simples: para a maior parte dos homens com gato uma festa é só mais uma festa. Venha quem vier as preocupações são básicas e resumem-se a isto: se há ou não comida e se há ou não cerveja.

Ora a mesma ocasião social ganha uma dimensão totalmente diferente quando uma mulher com gato fica a saber que a fulana tal vai lá estar.

É nesse momento que passamos da festa ao campo de batalha, e é por isso que elas se passam da cabeça quando nos perguntam querido estou bem assim, e nós com ar displiscente dizemos tu ficas bem com qualquer coisa.


Daí ao tu não me ligas nenhuma é um tirinho e o mais certo é haver discussão pelo caminho até chegarmos à tal festa.


As mulheres não se vestem para os homens, vestem-se para as outras mulheres. E à questão querido estou bem assim nós devemos sempre responder quem é que vai lá estar? e só depois dizemos estás linda amor.

Mas o que é que isto tem a ver com o mata-mata do Scolari?


Tudo! Porque este instinto competitivo reflecte-se em tudo o que é importante para as mulheres com gato. E bom sexo pode não ser o mais importante para a maior parte das mulheres, mas é seguramente uma prioridade incontornável.


As mulheres podem não andar com um homem só porque o sexo é bom. Existem certamente muitos outros factores a ter em conta, mas acabam de certeza se o sexo for uma merda.

E é nas pequenas tertúlias que este problema se discute entre as mulheres com gato. Nas esplanadas duma qualquer avenida, nas pausas para o almoço, junto à fotocopiadora, nos coffe-breaks, no elevador, nas pausas para o cigarro, a caminho do trabalho, de regresso a casa, à noite com as amigas e um pouco por todo o lado!

A discussão de ideias leva inevitavelmente a novas ideias e a coisas como Possas! O namorado da Teresa é mesmo uma grande foda!, o que depois leva ao se o namorado da Teresa consegue tu também consegues!, e mais tarde ao a Teresa é que teve sorte, o primeiro sinal de que um par de patins está para breve.

A verdade é que todos os homens desejam a tout prix ser o namorado da Teresa entre as amigas da namorada, não porque vivamos obcecados com o nosso rendimento sexual, mas porque queremos ver-vos exaustas, nos limites da vossa resistência física, plenamente satisfeitas e ouvir-vos dizer com um sorriso nos lábios pára por favor não aguento mais.

Também há homens com cão para quem isso não importa rigorosamente nada. São os podres-de-bons-egocentrados-com-100%-de-estilo-e-0%-de-gordura, que vocês escolhem quase sempre por oposição ao tipo normal-simpático-atencioso-e-muito-fofinho-mas-que-passa-despercebido-no-meio-da-multidão. Mas esse é outro assunto que fica desde já em agenda.

Resumindo e simplificando, se as coisas por vezes correm menos bem é porque a pressão, a vontade de agradar e de corresponder a todas as expectativas criadas podem ter ultrapassado as nossas quotas máximas, e porque sabemos que falhar na hora h pode significar que não vamos lá estar para ver nem a hora i nem a hora j.

Afinal onde está a cumplicidade?

Como diria o soberbo David Russell Strathairn, para todos os homens com cão, Good Nigth and Good Luck.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

8 Minutos Mais Tarde...

Bem, já tive melhor... Sinceramente estava à espera de muito mais... Bolas, porque é que isto acontece sempre comigo?! Tenho de arranjar um tipo fixo, merda.. Mas isto durou quanto tempo?!

...


Agora vai perguntar-me se foi bom aposto...


Ele: "Então?! Foi bom?!"


Por amor de Deus... Só não acerto no Euromilhões... E agora o que é que eu digo?! Olha que se lixe, isto não conta como mentira de certeza...


Ela: "Sim lindo, foi bom..."


Deixa lá ver se colou...


Ele: "Humm.. Não pareces muito entusiasmada!"


Merda não colou...


Ela: "Oh lindo estava cansada... Mas gostei!"


Ele: "A sério?! Gostaste mesmo?!"


Estou lixada... E agora o que é que eu digo?! Vou fingir que está a tocar o telemóvel...


Ela: "Claro que sim querido... A-do-rei.. Olha dás-me licença? Acho que tenho o telemóvel a tocar..."


Ele: "Não ouço nada."


Ela: "Eu ponho sempre no silêncio bébé... Alô?! Olá queridaaa! Então? Diz! ... Sim... Humm hummm... Sei..."


E agora o que é que eu faço??


Ela: "Está bem querida... Daqui a 20 minutos? Ok, claro... Não, não faz mal!"


Eu devia ganhar um óscar!


Ele: "Vais sair?!"


Ela: "Ohh.. É a Verónica. Está com problemas com o namorado... Sabes como é..."


Ele: "Ah ok... Bom mas então gostaste mesmo?!


"Nãaaaaaaaaaoooooooooooooooooooooooooooooooooooo!


Ela: "Oh lindo não te preocupes, para a próxima corre melhor..."


Ai merda! O que é que tu foste dizer mulher!


Ele: "Para a próxima corre melhor?! Fogo.. Foi assim tão mau?!"

Pronto, acabei com a auto-estima dele... Amanhã nem se olha ao espelho a fazer a barba de certeza...

Ela: "Oh bébé não digas disparates... Não estavas lá comigo? Não viste como estava a gostar?"

Como estava quase a dormir isso sim...

Ele: "Sim, tu estavas a gozar muito não era bébé?"

À pouco nem por isso... Mas agora estou a gozar muito, mas contigo! (risos)


Ela: "Simmm... És o máximooo!"


Socorro!

Ele: "Renhaaauuuuu!"


Ai por favor tirem-me os pregos! Vou tentar dizer isto sem me rir...


Ela: "Renhauuu bébé...


"Ele: "Quem é o teu gatinho quem é?"


Oh caraças... Para a próxima compro-te uma caixinha de areia para fazeres xixi!


Ele: "Então de zero a dez..."


Pronto! Mania que os homens têem de medir tudo... É melhor dar-lhe uma nota alta senão morro de tédio na cama!

Ela: "Humm.. 8?"

Ele: "Só 8?!"


Ai que seca de homem meu Deus!


Ela: "Oh querido, 8 já é muito alto..."


Ele: "Sim, mas não é um 10!"


Ela: "Não mas..."


Ele: "Faltou o quê para o 10?"


Tudoooooooooo!


Ela: "Oh querido... Então faltou o quê? Sei lá... Sabes que a cumplicidade é muito importante para as mulheres..."


Que saudades do Vítor! Humm.. Será que ele anda com alguém?


Ele: "Ah! Então foste tu que não te sentiste à vontade? Pois porque eu estava muito à vontade contigo..."


Ela: "Claro que sim... Eu demoro sempre um pouco mais sabes querido? Tu estiveste muito bem!"


Onde é que eu pus o outro cartão? Tenho lá o número do Vítor bolas!


Ele: "Temos de repetir mais vezes então!"


Nota mental: mudar de número urgentemente!


Ela: "Sim claro! Olha, eu depois ligo-te! Agora tenho mesmo de despachar-me por causa da Verónica fofo..."


Ele, com um ar gingão: "Não te preocupes baby... Para a próxima vais estar mais à vontade vais ver..."


Desculpaaaa? Baby? Ok... Nota mental #2: mudar de número e de cidade!


Ela, já com a porta de casa aberta: "Claro que sim... Vá! Depois falamos tá? Beijinhooooooos!"

...


Ele: "Tou? Carlos? É o teu manooo! Como é que correu? Ohpa isso é pergunta que se faça?! Parece que não me conheces... Eu sou o boneco da Regisconta pah! Aquela máquinaaaaa!"

...


Ela: "Tou? Verónica? Sou eu querida... Como é que correu? Olha querida eu não tenho sorte com os homens... Depois não se calava sempre a perguntar se foi bom... Ai olha, porque é que eu acabei com o Vítor, lembras-te??!"


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pequeno Almoço na Avenida

Habitualmente escolho sempre o mesmo sítio para tomar o meu café da manhã.
Trata-se dum café simpático, com uma esplanada solarenga virada para a Avenida Luisa Todi, paredes meias com um colégio privado classe média-alta.

Habitualmente peço sempre o mesmo, um abatanado e um croissant misto com manteiga. Sento-me quase sempre no mesmo sítio, e ao meu lado estão quase sempre as mesmas quatro pessoas: quatro mamãs que aproveitam para dividir o pequeno almoço com dois dedos de conversa.

Esta rotina dura já há bastante tempo, e se no início fazia-me alguma confusão ouvir as conversas das quatro mamãs, confesso que actualmente não dispenso ficar up to date com as últimas tendências da moda e os últimos gossips do jet set nacional, o quem anda com quem por oposição ao quem acabou com quem.


Mas apesar de relevante, a importância desta informação em nada se compara ao verdadeiro filão que é ouvir estas 4 mamãs a falarem sobre nós, homens com cães.

Importa dizer que as 4 mamãs estão à beira dos 40 anos, aparentam estar bem colocadas na vida e completamente desocupadas. Perdoeem-me a rudeza da expressão mas estas senhoras não fazem nestum.
Quando eu chego ao café elas já lá estão, e quando eu vou embora elas ainda lá ficam!

Uma delas é divorciada, as outras estão casadas.
Uma delas – a divorciada – está muito bem na vida, as outras estão casadas.
Uma delas – advinhem qual – anda com um X3, as outras... Bem as outras estão casadas!

Parece que a parte melhor de ser enganada com a secretária do marido é apanhar o marido com a secretária...

Independentemente de quem apanhou o marido com quem, à excepção de uma delas todas estas 4 mamãs estão na sua melhor forma.

O dia começa cedo com os miudos a entrarem no colégio entre as 8h30 e as 9h.
A manhã é ocupada com as amigas. Ao pequeno almoço, nada de exageros: meia torrada com pouca manteiga, um café, um copo de água e um sumo de laranja natural.
A mamã mais roliça atira-se aos bolos como se não houvesse amanhã, e reunida a tertúlia é altura de rever a matéria dada.

Acompanhar estas mulheres com gato sofisticadas não é tarefa fácil.
Os temas sucedem-se a um ritmo alucinante e, pior que isso, sem lógica aparente:


Mamã 1: “Olhem fiz uma compra faaan-tás-ti-ca no Corte Inglês...”

Mamã 2 claramente receosa que tenha sido aquele vestido naif de franjas, estilo anos 20 hiper-femenino que custou uma bagatela nos saldos...

Mamã 2: “Ai sim? Contaaa...”

Mamã 1: “Vocês nem imaginam! Comprei um vestido naif de franjas, estilo anos 20 hiper-femenino que custou uma bagatela nos saldos!”

Mamã 2 respira fundo e esconde-se atrás dos óculos escuros Gucci e da chávena de café Delta, lote Rubi.

Mamã Divorciada: “O Corte Inglês está com umas coisas espectaculares para este Outono-Inverno... Ainda por cima esta estação é completamente a minha cara...”

Mamã Roliça: “Também a ti qualquer coisa te fica bem querida...”

Mamã Divorciada: “Bem, comprei um vestido cintado em malha jersey de corte justo, assenta tão bem... O Henrique vai passar-se completamente...”

E zás! Num ápice deixamos os saldos do El Corte Inglês, e estamos na coutada preferida das mulheres, a nossa!

Mulher 1: “Qual Henrique? O pai do Gustavo?”

Mamã Divorciada: “Sim!” (risos)

Mamã 2: “Ai não possoooo! Andas enrolada com o Henrique? Ele é super charmoso desculpaaa... Parece o Richard Gere!”

Mamã Divorciada: “Não andamos nada enrolados! Ficámos ao lado um do outro na reunião de pais, acabamos por sair juntos da sala e ele convidou-me para um café... E eu aceitei! Combinamos para amanhã à tarde.”

Mamã 1: “Ai querida fizeste bem. O Henrique é muito sexy mas tem uma coisa que eu não gosto, anda sempre sem pêlos no peito c’horrooor!”

Mamã Roliça: “Eu também não gosto de ver...”

Mamã 2: “Olha eu gosto. Acho super sexy num homem! Aliás estou farta de pedir ao Carlos para ir à esteticista comigo, mas ele...”

Mamã Divorciada: “Eu acho o Henrique muito giro, e isso não me incomoda nada, antes pelo contrário...”

Mamã 1: “Oh querida para andar sem pêlos estamos cá nós! Além do mais deve ser uma maçada estar com um homem daqueles e depois vai-se a ver e não tem nada! É como se estivesses com um bébé!”

Mamã Roliça: “Como é que será que eles tiram os pêlos? Com a lâmina?!”

Mamã Divorciada: “Eu pergunto-lhe e depois digo-vos!” (muitos risos agora)


Mamã 2: “Por falar nisso, comprei um novo creme que está a fazer-me montes de comichão bolas..”

Zás! Novo tópico! Cosméticos...

Mamã Divorciada: “Ai eu dou-me super bem com o creme da Veet.”

Mamã 1: “Já experimentaram aquela nova máscara da Pantene para os cabelos?”

Mamã 2: “O meu gloss acabou, que maçada...”

Mamã Divorciada: “Olha maçada é este top que me faz as mamas mais pequenas...”

Mamã Roliça: “Lá vem aquela mulherzinha insuportável! A mãe do Francisco!”

Neste momento introduz-se um novo tópico na mesa, e quase toda a esplanada virou-se para o lado direito à procura da mãe do Francisco...

Mamã 1: “Eu não suuuu-porto esta mulher... Estaciona sempre o carro em frente à porta do colégio! Depois deixa os 4 piscas ligados e vai-se embora! Eu passo-me da cabeça!”

Mãe do Francisco: “Olá queridas bom dia!”

Mamã 1: “Olá querida! Então como está o Quico?”

Mãe do Francisco: “Está óptimo, obrigada! Deixei-o agora mesmo no colégio.”

Mamã 2: “Ai que óptimoooo... Não se quer sentar connosco?”

Mãe do Francisco: “Obrigada mas não posso. Deixei o carro estacionado à porta do colégio, ‘tá a ver?”

As 4 mamãs fazem aquela cara de Princesa Diana. Um sorriso, um aceno e ficam á espera que a Mãe do Francisco se afaste.
Mais um sorriso, mais um aceno e já está. Entretanto, mais um tópico.

Mamã Divorciada: “Diz que a Elsa Raposo vai casar com o João Kleber!”

Mamã Roliça: “Essa mulher está tão siliconada meu Deus...”

Mamã 1: “Está hooo-rrível...”

Mamã 2: “Eu por acaso não me importava de dar um retoque nas minhas, para levantar um pouquinho...”

Mamã Divorciada: “Eu continuo a achar que este top faz-me as mamas pequenas bolas!”


Mamã 1: “Ai não sejas parva! Estás óptima! O divórcio só te fez bem...”

Mamã Divorciada: “Agora sou eu que controlo o meu destino!”

Nisto....

Mamã 2: “Não olhem agora mas vem aí o Henrique com o Gustavo!”

Mamã 1: “Bem ele é mesmo um charme... Aqueles cabelos grisalhos, e tem um rabo fenomenal! Deve fazer ginásio!”

Mamã 2: “Eu acho que ele faz natação...”

Mamã Divorciada: “E agora o que é que eu faço? Acham que deva ir ter com ele?!”

Mamã 1: “Não, claro que não! Só podes ir ter com ele depois do 1º encontro! Espera que ele olhe!”

... uma ligeira pausa ...

Mamã 2: “Olha! Ele está a dizer adeus!”

As 4 mamãs fazem aquela cara de Princesa Diana. Um sorriso, um aceno e ficam á espera que o Pai do Gustavo se afaste.
Mais um sorriso mais um aceno e já está.

Mamã 1 para a Mamã Divorciada: “Querida podes parar de acenar ele já não está a ver... Lembra-te és tu que controlas o teu destino...”

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lets Talk About Sex

Estavamos em 1985.


Ronald Regan começa o seu segundo mandato na casa Branca.
Mikhail Gorbatchev chega a Secretário Geral do partido comunista soviético.
A Coca-Cola quase dava um tiro no pé quando tentou lançar a New Coke.
Em Bruxelas 38 pessoas morrem no estádio Heysel Park, na final da taça UEFA entre o Liverpool e a Juventus.
A França fartou-se dos activistas da Green Peace e afunda o Rainbow Warrior perto de Auckland. Oficialmente foi o fim da Liberté, Igualité et Fraternité.
Algures no Mediterrâneo 4 terroristas palestinianos desviam o Achille Lauro.
A Microsoft lança a primeira versão do Windows, o Windows 1.0.
O mundo inteiro canta We are the World, um clássico do karaoke moderno, e nos Grammy Awards os Salt N Pepa triunfam com o maior hit do ano, Lets talk about sex.

E é precisamente disso que vamos falar, de sexo. Uuuuuh!

Desde 1985 muita coisa mudou.


Em 1985 a população mundial estimava-se em 4.8 biliões de pessoas.
A OMS prevê que em Março de 2009 este valor atinja os 6.8 biliões de pessoas. Ou seja, andámos muuuuito entretidos nos últimos vinte e quatro aninhos...
Especialmente os asiáticos, que só à sua conta contribuiram com mais de 1 bilião de pessoas. Aquilo não é gente, são coelhos.


Porém o valor mais desconcertante é o da América do Sul. Em 1985 eram pouco mais de 401 milhões e até Março de 2009 vão chegar aos 714 milhões. Quase o dobro. Pergunto, o que é que aquela gente anda a comer?!


Do lado oposto estamos “nós”, os europeus. Há 24 anos atrás eramos 710 milhões, 24 anos depois estamos praticamente na mesma: 714 milhões.
Menos sexo? Com as suecas, as dinamarquesas e as holandesas do “nosso lado” tenho sérias dúvidas!


Cada caso é um caso e os números valem o que valem, por isso vamos cingir-nos ao que realmente importa: nós; homens com cão e mulheres com gato.

Os livros sobre sexo vendem aos milhares e são as mulheres quem mais procuram este tipo de literatura.
Nós homens somos mais práticos, e por menos de 30€ por mês temos sexo a qualquer hora. Estou obviamente a referir-me à televisão por cabo, se bem que as brasileiras acompanhem facilmente estes valores.

Então – pergunto eu –, com tanta informação disponível como é possível continuarmos tão longe do Ponto G?

Esta questão serve ambas as partes de forma diferente.
Nos homens com cão o problema exige mais delicadeza, até porque o local propriamente dito é.. erghh.. complicado! É preciso uma abertura diferente digamos assim, e a verdade é que nem todos nós estamos igualmente receptivos...

Depois a maior parte dos homens com cães são também homens com cães estigmatizados, ou seja, pouco disponíveis para serem algo mais que aquilo que a sociedade espera que eles sejam.


Insistem em beber cerveja pela garrafa por exemplo.
Para estes tugas pedir um copo não é sinal de bom gosto e classe, mas uma coisa assim um pouco abixanada que é capaz de cair mal no seio da comunidade.

Eu coloco-me nos antípodas do homem comum que habita o nosso quotidiano, mas não o faço com prepotência. Simplesmente não vejo qualquer semelhança entre mim póprio e esse homem comum que precisa de manifestar o seu agrado por filmes de porrada, carros rápidos e mulheres mais rápidas ainda.


Quase sempre este nativo define-se a si próprio por poucas palavras, não porque faça da modéstia a maior virtude no seu cartão de visita, mas porque simplesmente desconhece tudo o que esteja para lá do prosaico no que à língua portuguesa diz respeito.
Normalmente gosta de se fazer acompanhar por nativos do seu planeta, e celebra a sua ignorância numa espécie de festim em que a vulgaridade é servida em bandeja de prata.


Regra geral estes homens com cães são altamente estigmatizados, e pouco distam dos chimpazés quando com alarde manifestam a sua condição de macho!

Nas mulheres não existe propriamente um estigma social em redor do Ponto G.
Nas mulheres o problema somos nós, os homens!

Apesar de toda a informação disponível, os homens simplesmente não aprendem, e não o fazem porque acreditam genuinamente que já nasceram ensinados!


Cada homem com cão vê em si próprio uma fonte inesgotável de prazer, uma máquina movida a energia nuclear, imparável, imbatível e incansável!
No fundo no fundo, todos nós nos vemos como o coelhinho da Duracell. Somos a última bolachinha do pacote, a última coca-cola do deserto, e não há nada que não possamos fazer com uma mulher, com qualquer mulher, com tooooodaaaas as mulheres!
Sim, porque o mundo é pequeno demais para o nosso ego masculino.

E é aqui que as coisas começam a correr terrivelmente mal.


A maior parte dos homens vê-se como uma espécie de super-homem. Temos jeito para tudo. É algo que nasce connosco.
Somos o Cristiano Ronaldo nos jogos de futebol com os amigos.
O Ayrton Senna quando vamos prego a fundo nas auto-estradas.
O Bob o Construtor quando mudamos torneiras em casa.
E o Rocco Siffredi na cama com as mulheres.

A verdade é porém muito diferente, e se há até quem tenha algum jeito para mudar torneiras em casa, duvido que haja por aí outro Cristiano, outro Ayrton ou outra lenda da indústria porno à espera de ser descoberta.

Uma amiga minha disse-me à relativamente pouco tempo o seguinte: (...) eu acho que descobri a minha sexualidade muito tarde. Traduzindo: não comecei tarde, comecei a entender-me tarde (...)

Este é o principal problema dos homens, das mulheres, dos cães e dos gatos. Na maior parte das vezes não há entendimento entre nós, não há comunicação.

É verdade que a ciência também não ajuda.
Está cientificamente provado que uma relação sexual dura em média 8 minutos.
Dizem os cientistas que o homem pode atingir o orgasmo nos primeiros 2 minutos, mas o normal será entre os 2 e os 4 minutos, enquanto que uma mulher precisa entre 8 a 10 minutos.

Será preciso dizer mais alguma coisa?!

A maior parte das mulheres precisa no mínimo de todo o tempo médio da relação sexual, ou seja os 8 minutos, para poder pensar em ter um orgasmo, sendo certo que pensar e ter são duas coisas completamente diferentes.

Outro dado científico ainda mais curioso é que esse tempo desce drasticamente no caso da auto-medicação. Sozinha uma mulher pode atingir o orgasmo em 4 minutos apenas.

Então porque raio não atingem o orgasmo em 4 minutos connosco?!

A resposta uma vez mais é muito simples e resume no fundo as diferenças que nos separam.


Uma mulher com gato depende dum processo de estimulação mais prolongado e sobretudo mais complexo.
Esses estímulos obedecem a uma lógica emocional, e estão habitualmente relacionados com cargas eróticas reforçadas pelo carinho e afecto que sentem pelo parceiro, ao passo que nos homens... Bom connosco basta baixar as calcinhas mesmo! É terrível mas é verdade, não para todos certamente mas para a maioria, sem dúvida...

Mas mesmo quando as coisas nos correm de feição – ou seja, mesmo quando nos pedem apenas para baixar as calcinhas -, mesmo aí ficamos reféns do nosso ego desmedido. Não damos parte fraca, seguimos em frente como um buldozer descontrolado e arrasamos tudo entre 2 a 4 minutos!


Depois apercebemo-nos que afinal não somos o coelhinho da Duracell, que afinal nunca soubemos jogar futebol como o Cristiano Ronaldo, e que somos mais rápidos que o Ayrton Senna, mas só em linha recta!

É nessa altura que procuramos remediar as coisas, e já com o capacete amarelo do Bob na cabeça pedimos desculpa com um extasiante isto nunca me aconteceu. E puufff... Saimos de cenaaaaa!

As coisas seriam bem mais fáceis se existisse um qualquer GPS sexual capaz de enviar instruções ao nosso cérebro. Bastava introduzir as coordenadas do Ponto G, e arrepiar caminho em direcção à Terra Prometida.
Claro que teriamos sempre aquela voz computorizada a ecoar nas nossas cabeças no próximo cruzamento... vire à direita... a 200 metros.

Não será preciso chegarmos a tanto. Basta que nos entendamos, e para isso é preciso falar, mas mais importante ainda é preciso saber ouvir.

24 anos depois chego à conclusão que os Slat N Pepa eram uns visionários quando em 1985 cantavam para quem quisesse ouvir o tal Lets talk about Sex.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sexo sujo, discussões limpas

Erosão: “acto ou efeito de corroer; (...) escavamento; desgaste progressivo das estruturas do organismo”

In: Dicionário da Língua Portuguesa, 7ª Edição, pp 716

Esta será, porventura, uma das palavras mais usadas e temidas no seio dum casal moderno que assuma uma relação a longo prazo, especialmente quando essa relação dura já há mais de 3 meses.

É frequente ouvirmos coisas do género “a nossa relação sofreu uma erosão enorme nos últimos meses”, expressão vincadamente pós-moderna que no fundo significa “isto já estava uma merd# há muito tempo”.

A erosão é uma espécie de elemento cancerígeno nas relações LP (“longo prazo” ou “long play” para quem como eu sente algum saudosismo dos tempos áureos do vinyl).
Se um dia alguém se lembrar de abrir uma clínica do amor, vai ser frequente ver casalinhos destroçados pelo diagnóstico dos especialistas:

Dr.: “Pois, lamento mas as notícias são as piores possíveis... Vocês sofrem de erosão galopante...”.
Ela: “Erosão galopante? Mas isso é grave Dr.?”
Dr.: “É terminal minha senhora... Não tem cura.”
Ela: “Vês?! Eu bem te disse para não irmos andar a cavalo naquele fim-de-semana! A culpa disto é toda tua!”

Este é um problema actual e que afecta não só inúmeros casais, mas também alguns empresários – vulgo, oportunistas – que aproveitaram a zona costeira da Costa de Caparica para erguerem negócios variados, assentes em construções clandestinas a menos de 50 metros da linha de rebentação, e que agora reclamam que o Estado não faz nada para impedir o avanço do mar.

Mas vamos cingir-nos ao que é importante.
Certo é que independentemente da sua natureza nenhuma relação sobrevive a tiros, facadas, gritaria, vizinhos metidos ao barulho e cães a ladrar.
Pode parecer até algo exagerado mas, para mim, tiros e facadas são daquelas coisa que desgastam um pouquinho!

Quem entra em relações a longo prazo sabe, ou pelo menos devia saber, que inevitavelmente as coisas vão azedar. Faz parte da natureza humana, e aquilo que simultaneamente nos atrai entre homens, mulheres, cães e gatos, também nos divide em determinadas alturas.
As coisas mudam, e precisamos estar preparados para lidar com essas mudanças.

Observemos o seguinte caso prático onde um determinado homem com cão revela um hábito pessoal de gosto duvidoso, até aí imperceptível aos olhos da mulher com gato: deita-se sem despir as meias que usou durante toooodo o dia...
Nos primeiros meses a mulher com gato comenta com as amigas e desvaloriza a situação dizendo alegremente “ele é um porquinho lindo”.
O primeiro aviso à navegação surge quando o “lindo” desaparece da frase anterior, ficando apenas o “ele é um porquinho”. Mas como é dito num tom fofinho o problema ainda não se coloca.
As coisas começam a azedar depois do “ele é um porco”, numa primeira fase um desabafo apenas confidenciado às amigas mais próximas.
Até que surge o inevitável “tu és um porco”, e chegados aqui já a erosão provocada pelo odor pestilento das meias assumiu as tais proporções galopantes.

Diz a providencial sabedoria popular “para grandes males grandes remédios”, mas neste caso não existe panaceia conhecida capaz de remediar meses ou mesmo anos do tal “desgaste progressivo das estruturas do organismo”.

Há que apostar na prevenção.
Usando uma expressão corriqueira no mundo do futebol, é necessário “gerir o esforço” para evitar lesões graves e comprometedoras.

E isso consegue-se evitando discussões. Parece lógico, parece simples, mas então como é que se faz??!

A resposta é “sexo sujo e discussões limpas”. Nada mais simples.

Um amigo meu queixava-se há tempos que a namorada não falava com ele na cama. Ou melhor, falar até falava mas nada do que ele queria e precisava de ouvir naquele momento.

Não que coisas como “oh meu amor oh” e “adoro-te adoro-te” ou mesmo um “faz amor comigo docinho, faz” não sejam coisas .... erghh.. boas, mas pelo sim pelo não se for este o caso o melhor será programar o telemóvel para tocar 15 minutos mais tarde, e depois saia-se com um “o quê?! O escritório está a arder? Vou já!”.

Do lado oposto temos as “discussões limpas”.
Não é necessário entrar em exageros e começar a dizer coisas do género:
Ele: “Gostaria de vincar o meu desagrado em relação à matéria sujeita a apreciação...”
Ela: “Anotado. Não obstante, dificilmente irei reavaliar a situação supracitada!”
Ele: “Parece-me intolerante da sua parte!”
Ela: “Encontro-me inflexível de momento!”

....

Dá vontade de dizer “olha, vai-te lixaaaar!” (risos)

Discussões limpas é discutir sem nunca “queimar as pontes que nos unem”, para que o caminho de regresso à casa de partida seja sempre possível.
Coisas como “estou farta! Acabou-se!” ou “desaparece da minha vida!” enquadram-se nitidamente na política da “terra queimada”, e devem ser evitadas a todo o custo.

Termino com estas sugestões sempre úteis relativamente aos conceitos de sexo sujo e discussões limpas:

5 coisas que nós homens com cães adoramos ouvir!
(quem disser o contrário está a mentir ou é gay!)

- “Fode-me!”
- “Sou toda tua!”
- “Adoro que faças assim...”
- “Ai meu Deus dás cabo de mim!”
- És tão bom na cama!” – ok, esta pode ser mentira mas sabe sempre bem ouvir!

5 coisas que nós homens com cães detestamos ouvir!
(por incrível que pareça!)

- “Já não suporto o teu cão”
- “Devia ter casado com o Tiago!”
- “Ainda aí estás?”
- “Qualquer dia vais tu e o maldito do cão”
- “A minha mãe é que tinha razão” – de todas esta é sem dúvida a pior.
Para tudo é preciso moderação, afinal o amor é como uma pizza. Calor a mais e a massa queima, calor a menos e a massa fica crua.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Como sobreviver a um filho único. Parte II

É certo e sabido que nestas coisas de juntar um homem com cão e uma mulher com gato o difícil não é escolher, mas acertar na escolha.
Por mais antagónico que possa parecer, a nossa maior singularidade advém precisamente da diversidade do género.
Não há volta a dar. Somos muitos e somos também muito diferentes uns dos outros, com diferentes formas de sentir, de ser e de amar, excepção feita aos chineses e aos mexicanos que são todos muito iguais entre si.

Não quero parecer xenófobo, mas para quem como eu já esteve no México parece evidente que há ali qualquer coisa que não bate certo...
Nem vou falar do bigodinho ralo que quase todos os mexicanos usam, ou do sinal peludo ao canto da boca que quase todas as mexicanas têem, mas antes do tamanho daquela gente!
Sejam homens ou mulheres, naquele país a escala métrica só vai até ao metro e sessenta!
Discordam? Então porque é que o México não tem selecção de Basquetebol? Ah pois é... Adiante!

Dizia eu então que à parte dos chinesese dos mexicanos somos mesmo “todos diferentes, todos iguais”.
Mas há uns que são mais iguais que outros.

No diversificado reino dos homens com cães há de tudo e para todos os gostos. Como disse no início, o difícil não é escolher mas acertar na escolha.
Imaginem uma farmácia. Há de tudo aqui dentro, e à semelhança do que acontece com as farmácias, primeiro temos de identificar os “sintomas” e só depois pedir o avio ao farmacêutico.

No entanto, os homens com cão apresentam uma inegável vantagem na hora do “avio”. Ao contrário das farmácias que exibem orgulhosamente o seu vasto arsenal de panaceias, nós apenas apresentamos duas embalagens no expositor. A certa e a errada.

Por esta altura admito que 6 ou 7 mulheres com gatos em cada 10 estão neste preciso momento a amaldiçoar a escolha que fizeram, mas se for esse o seu caso não desepere. Aqui como nas farmácias “nós” nunca esgotamos e pode a qualquer altura abandonar a auto-medicação (risos).

O problema de ter apenas duas embalagens para escolher, é que dentro das duas existem variações.
Há a certa e a errada, mas depois também há a certa – fácil, a certa – difícil, a errada – fácil e a pior de todas, a errada – difícil, que são habitualmente os tipos que fazem da vossa vida um infernooooo!

Dentro dos “dificeis” existem muitas sub-categorias, mas uma pode ser - eu não digo ostensivamente “é”, antes um delicado “pode ser” - particularmente nefasta ao bem estar de qualquer mulher com gato.
Aliás nestes casos particularmente nefastos há relatos conhecidos de gatos que abandonaram as suas donas, simplesmente porque encheram o saco até ao guizo!

Falo naturalmente dos filhos únicos, essa divindade idolatrada pela “vaca sagrada”, a mãe, ou nos casos particularmente nefastos, a futura sogra.

Se este é o seu caso escusa de meter mais moedas na máquina porque os créditos acabaram, e a única mensagem que vai ver no ecrã daqui para a frente é “Game Over”.

Primeiro que tudo há que estar atenta para os sinais exteriores porque nem todos os FU’s (filhos únicos) são particularmente nefastos.

Os perigosos são aqueles como o meu amigo Bruno do post anterior, que a dada altura num jantar com a namorada num restaurante qualquer – bom por sinal –sai-se com um extasiante “está bom, mas a minha mãe faz de outra maneira”.

Repare-se no pormenor que faz toda a diferença! A subjectividade do estar melhor ou pior nem é para aqui chamada! É a forma como a mãe cozinha! Não interessa se está melhor, simplesmente não é igual e para a próxima vamos jantar à casa da minha mãe e não há mais assunto!

Mas não é preciso chegar ao ponto de sair num programa para identificar um verdadeiro FU.
Basta uns 20 minutos de conversa numa qualquer mesa de café.

Se a mãe dele ligar uma vez, é uma coincidência infeliz.
Se ligar duas esteja atenta.
Se ligar 3 você está a um passo do abismo.
Se ligar 5 vezes ou mais, Houston we have a problem!

O problem destas coisas de escolher a embalagem é que habitualmente não obedecem a critérios racionais.
Amiga1: “O António é tão querido, trata-me tão bem, é tão meiguinho, e está tão bem na vida com aquele trabalho no departamento de recuperação de crédito do BES...”
Amiga2: “E então?”
Amiga1: “Olha! Estou a andar com o Quico o meu instrutor de Cardio! É um doido! (risos)”

Este tipo de impulsos também acontecem com FU’s.
Uma vez mais se for este o seu caso não desespere. Existem soluções.
Aqui estão 5 das mais espectaculares manobras de diversão conhecidas pelo Homem:

1º Escolha bem o seu campo de batalha.
Se está mesmo resolvida em encetar a demanda pelo Santo Graal com um verdadeiro FU, então terá de escolher bem o território.
É sabido que uma mulher conquista um homem pela boca e pela cama.
Contra este tipo de FU esqueça a boca e concentre-se na cama.
A não ser que o seu FU se chame Sigmund Freud tem grandes hipóteses de dar 10 a 0 à sua futura sogra na horizontal (ou em qualquer posição já agora...).

2º Se não a pode vencer junte-se a ela.
Se por acaso já está naquela fase de “não retorno” em que começam as visitas a casa da sua futura sogra, então convença-se de que não vale a pena hostilizar. Mas também não se faça de sonsa!
Esteja atenta, mostre-se interessada, e se a conversa começar a dar sono estimule a circulação sanguínea com um garfo discretamente espetado na sua coxa! Vai ver que desperta logo.

3º Avance para os elogios gratuitos com alguma discrição.
A sua futura sogra sabe perfeitamente que você não irá ousar dizer-lhe que colocou sal a mais na comida, por exemplo.
Se já disse, fez ou sequer pensou nisto por um segundo, “Game Over”!
Aproveite cada oportunidade para elogiar os cozinhados da senhora, e quando ela não estiver presente nunca diga ao filho “vamos embora que já está a ficar tarde”, aproveite antes para meter um espectacular “a tua mãe é tão querida!”.
Isto, na linguagem do basquetebol que os mexicanos não jogam chama-se um triplo!

4º Faça das fraquezas as suas forças!
As constantes chamadas telefónicas da sua futura sogra são porventura a principal ameaça à estabilidade duma relação com um FU.
Não há pachorra, eu sei. Mas não vai ganhar nada em dizer verdades como “mas tu vais ser um menino da mamã a vida toda?!” ou mesmo “se soubesse que ia ser assim tinhamos saído os 3, eu, tu e a tua mãe!”.
Engula a seco e antes dele terminar a chamada peça-lhe o telefone para deixar um beijinho à sua futura sogra.
Lembre-se que esta jogada também marca pontos, mas não deve ser utilizada muitas vezes ao dia. Pode parecer excessiva.

5º O futuro sogro, esse filão inexplorado!
É sabido que os sogros nutrem um especial carinho pelas namoradas dos seus filhos.
Olham sempre para si como quem olha para a filha que nunca teve, e isso é uma verdadeira mina de ouro à espera de ser saqueada sem dó nem piedade.
Mas também aqui existem regras.
Nunca use decotes que levem a questões como “afinal o que é que ficou por tapar?”, especialmente se você for um 36C ou um 38B.
Também não use camisolas de gola alta, a menos que os sogros sejam devotos a Deus e a casa esteja decorada com figuras de Nossa Senhora.
Se for esse o caso, e se quiser “jogar” o Às de trunfo logo na 1º mão, assim que entrar em casa junte as mãos e diga com uma voz cândida “que a paz do Senhor esteja connosco...”.
É arriscado, mas se resultar pode começar a pensar no copo de água.

Resumindo, um FU pode ser complicado, mimado quase ao ponto da saturação, idolatrar a mãe e apontá-la como uma espécie em vias de extinção, mas também pode ser um tipo de embalagem de que não falei acima, um "difícil - certo".
Se for esse o caso, tudo vale a pena, mesmo quando a seca não é pequena.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Como sobreviver a um filho único. Parte I

Ocasionalmente eu e o Bruno fazemos um dos nossos “programas de gajos”, nada que prime pela diferença ou pela originalidade, apenas coisas que nós, homens com cães, gostamos de fazer.
Numa dessas ocasiões combinamos ir ao Estádio da Luz ver o Benfica, um programa completamente insuspeito portanto. Coisa de “Gajos”.

A caminhar para os 30 anos este meu amigo está ainda a terminar a Licenciatura que acumula com o trabalho, namora mas as coisas estão tremidas, vive com os pais, e infelizmente para a namorada é filho único!

O Bruno marcou comigo duas horas antes do jogo na casa dele, para seguirmos juntos a partir dali.

Mãe do Bruno: “Então já vão?”

Eu: “Já Dona Ana, é melhor irmos mais cedo sabe, assim vamos com calma e evitamos as confusões de última hora.”

Mãe do Bruno: “Oh filho não queres que a mãe te prepare um lanchezinho?”

Eu: (silêncio...)

Bruno: “Não é preciso mãe, nós comemos qualquer coisa lá no Estádio.”

Mãe do Bruno: “Mas são tantas horas filho! Já viste tantas horas sem comer? A mãe faz-te uma buchazinha!”

Bruno: “Oh mãe, a sério, obrigado mas não é preciso. Não te dês ao trabalho.”

Mãe do Bruno: “Oh! Não custa nada! Levas um pãozinho com aquela marmelada que a mãe fez para ti... E o Pedro? Não quer nada?”

Eu, acabadinho de regressar do Planeta Voltron!: “Han.. - cooff! cooff! - Eu?! Não Dona Ana, deixe estar obrigado! Eu como uma bifana com o Nuno, antes de entrarmos para o Estádio.”

O que eu fui dizer...

Mãe do Bruno, entretanto já com uma mão no pão e a outra na porta do frigorífico: “Ai que horror! Aquilo tudo cheio de gordura? Faz-te tão mal filhoooo! A mãe faz-te uma sande mista com manteiga e levas uns leitinhos no saco.”

Desculpem, uns leitinhos?

Bruno: “Oh mãe, mas depois não posso entrar com comida para dentro do Estádio, deixa lá isso, eu almocei bem!”

Mãe do Bruno: “Onde é que já vai o teu almoço filho, olha bem para ti, estás tão magro filho!”

Entretanto o meu sobrolho esquerdo começa a tremer...

Mãe do Bruno: “Oh filho chega-me aí o tulicreme...”

Bruno visivelmente embaraçado agora. Eu tento morder um dedo discretamente para não me desmanchar a rir...

Bruno, apontando efusivamente para a sande mista: “Oh mãe vá lá! Nós já estamos atrasados! Está bom assim!”

Entretanto resolvo sentar-me à mesa da cozinha até porque a julgar pela azáfama no balcão, a Dona Ana preparava-se para dar o lanche ao 3º anel do Estádio da Luz. Resolvo entrar na brincadeira.

Eu: “Oh Bruno, ehpa é melhor levares a sandocha... Vais meter-te a comer bifanas... Não sei pah... Lembras-te da outra vez em que ficaste mal do estômago?”

Bruno, com aquela cara de pânico típica de quem diz “estás a enterrar-me vivo aqui!”: “Qual outra vez?!”

Mãe do Bruno: “Oh filho passaste mal e não disseste nada à mãe? Tens de andar com os comprimidos para o teu fastio filho! Sabes que não podes comer coisas muito condimentadas!”

Eu, já a olhar para que lado do chão da cozinha ia atirar-me a rir: “Não olhes para mim com essa cara! Eu nem sequer sabia que tomavas pastilhas Rennie!”

Bruno: “Não são Rennie!”

Mãe do Bruno: “Vá levas aqui um lanchinho, e está aqui uma sande para o Pedro também.”

Eu: “Ah! Obrigado Dona Ana..”

Mãe do Bruno: “Vão lá, divirtam-se e a mãe faz-te uma canjinha para quando chegares filho.”

Entramos no elevador. Segue-se um breve silêncio. Há muita informação para assimilar!
“Ding!” Piso zero.

Bruno: “Olha lá? Quando é que foi a última vez que eu fiquei mal do estômago?”

Eu: “Sei lá! Quando é que foi a última vez que comeste canjinha?”

(continua...)

O "Ponto G" e o Estacionamento em Lisboa.

À partida – e à chegada também – esta pode ser uma comparação no mínimo absurda, mas na realidade não é.
O “Ponto G” e o estacionamento em Lisboa são duas das maiores e mais inquietantes questões que assolam o pensamento de todos os homens com cães, especialmente os que trabalham em Lisboa, como é óbvio.

Fora desta equação ficam os taxistas e os funcionários da Carris, que apesar de trabalharem em lisboa não têem de se preocupar com o estacionamento, e dada a natureza “sofisticada” desta classe trabalhadora, ou muito me engano ou nunca tiveram de se preocupar igualmente com o “Ponto G”...

Não são conhecidas no universo masculino grandes questões de natureza filosófica capazes de abalar a nossa existência. Não existem, ponto final!
E não existem porquê?

(silêncio...)

A resposta politicamente correcta seria “porque nós homens estamos plenamente conscientes do nosso papel no mundo!”

(silêncio novamente... e eis que alguém tossiu ao fundo da sala!)

A resposta é muito mais prosaica, e surpreendentemente simples. Nós, homens, estamos a borrifar-nos para a filosofia!
As coisas que nos preocupam – duma forma geral, não quer dizer que não hajam excepções – são futebol, mulheres, e o estacionamento em Lisboa!

Por estranho que pareça, estas são duas questões que têm tudo a ver uma com a outra, ou quase tudo pelo menos.

O primeiro denominador comum entre o “Ponto G” e o estacionamento em Lisboa é bastante obvio, e remete-nos para o campo da mitologia: nós (homens) sabemos que eles existem, porque já ouvimos falar, não sabemos é muito bem onde estão!
Em linguagem de miudos é quase como se fosse um kinder surpresa: é uma novidade (é sempre uma novidade...), um brinquedo (porque é divertido procurar!), e uma surpresa (acreditem, encontrar ambos é realmente uma grande surpresa para a maior parte dos homens!).

Os homens com cães menos habituados a estacionar o carro em Lisboa, e por inerência menos habituados a tudo o resto, correm o risco de serem confrontados com outros pontos em comum deveras interessantes, senão vejamos:

Normalmente passam pelo “Ponto G” e pelo lugar vago sem dar por isso.
“Olha! Era ali!” Pooooois é... Agora não dá para dar a volta...

Quando finalmente os encontram, a pressa é tanta que tentam meter o “carro” de qualquer maneira!
“O quê?! Meia hora aqui às voltas e agora não entras??! Naaaaaaa!”

As boas notícias para este tipo de homens com cães é que no “Ponto G”, como no estacionamento, há quem alugue lugares à hora.
Em Lisboa o pagamento é efectuado com moedas nos paquímetros da EMEL disponibilizados para o efeito, já no “Ponto G” paga-se em “cash” e habitualmente a brasileiras ou a “meninas” do leste da Europa.

Também aqui não há muitas diferenças.
Os funcionários da EMEL vestem-se todos de verde, enquanto que as meninas apresentam-se habitualmente humm.. sem roupa!
Num e noutro caso o objectivo é o mesmo: aluga-se à hora algo que é realmente difícil de encontrar...

Claro que há quem se recuse a pagar, e muito bem digo eu!
Não pagam os que habitualmente estacionam o “carro” em qualquer buraco por exemplo.
Estes, regra geral, estacionam ao calhas. Pouco importa se está bem ou mal estacionado, o que importa é estacionar! Nem que seja com metade do carro no passeio e a outra metade na estrada!

Claro que também há quem não se reveja em nenhuma destas situações.
Para estes homens com cão – cada vez mais raros – o importante é estacionar sempre no mesmo sítio, não por superstição ou por comodismo, mas porque genuinamente acreditam que aquele é de facto o melhor sítio para estacionarem o carro.
Pouco importa se demoram muito ou pouco a lá chegar, ou a que horas chegam. O lugar está sempre reservado, e é perfeito.

Há quem olhe de lado para a ideia de colocar o carro sempre no mesmo parqueamento, e é precisamente aí que reside a única grande diferença entre o “Ponto G” e o estacionamento em Lisboa.
Para muitos homens com cães que se aventuram a procurar um novo lugar todos os dias, o “Ponto G” continua a ser um mito. Sabem que ele existe, até porque já ouviram falar, não sabem é muito bem onde está.
Já o estacionamento, mais tarde ou mais cedo acabam sempre por encontrar um lugar.

Uma última ressalva: recuso-me a pagar 1 cêntimo que seja à EMEL.
Acho que prefiro ser taxista...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

3 amigas no café

A maior parte dos homens com cães desconhecem esta realidade, mas é numa esplanada, a uma mesa de café que as mulheres com gatos decidem uma boa parte do nosso destino.
Não há volta a dar. É tão certo como o Magalhães chegar às escolas portuguesas antes ainda das eleições legislativas.
Rita: "Amigaaas! Vocês nem imaginam com quem é que eu saí ontem!"
Joana: "Ai Rita por amor de Deus, não me digas que andas outra vez enrolada com o Luis?"
Rita: "Qual Luís? Não que horror... O Luis ficou para trás!"
Susi: "Será que não queres dizer o Luis ficou POR trás?" (risos)
Rita: "Ai Susi que parva lol não foi com o Luis... Foi com o Rui!"
Joana: "Qual Rui? O Rui... Rui? O instrutor de Body Combat do ginásio?!"
(Rita deixa escapar um sorriso cúmplice, escondido pela chávena do café)
Susi: "Desculpa mas esse tipo é uma móca de gajo! Tem tudo no sítio! E o peircing na língua.. Ai deve ser tão bom, só posso imaginar!"
(Rita confirma com um ar angelical, enquanto delicadamente pousa a chávena no pires...)
Rita: "Sim é uma móca de gajo... O peircing faz milagres.. E aquilo que se diz dele é mesmo verdade..."
Susi: "Ai não posso! Os 18 cms?"
Rita: "Eu não medi como devem calcular! Mas posso dizer-vos que ele está muito bem apetrechado..."
Joana: "Ai amiga, que invejaaa! Então e como é que ele é?! Vá conta tudinhooo!"
Rita: "É assim... Foi bom, mas não foi aquilo que eu estava à espera..."
Susi: "Não posso! Ele não te levou às estrelas?"
Rita: "Só quando usou o peircing" (risos novamente)
Susi: "Então?!"
Rita: "Oh querida, ele levou-me lá de Space Shuttle, e eu queria ter ido mais devagar, de balão! (risos)
Ele é todo bom, e tem um rabo divinal, mas é muito mecânico... Senti-me como se estivesse num filme pornográfico, o que não foi mau de todo (mais risos) mas faltou-lhe qualquer coisa..."
Joana: "Olha com 18 cms não imagino o que possa ter faltado amiga!"
Rita: "Não sei, foi tudo muito rápido, estavamos a falar no sofá e quando dei por mim estava de joelhos em cima da cama dele!"
Susi: "Desculpa! E isso é mau?!" (risos)
Rita: "Eu não disse que foi mau... Mas faltou-lhe qualquer coisa..."
Susi: "Mais 2 cms!" (muitos risos agora!)
Rita: "Não, isso também era um exagero. Não foi isso, praticamente não houve preliminares percebem? Ele passou logo à acção, não teve calma nenhuma, e eu adoro que percam tempo comigo. Aí o Tiago é completamente diferente..."
Susi: "O Tiago é um querido..."
Joana: "Quem é o Tiago?"
Rita: "É o professor de ténis da Susi querida... É um amor! Mas é tão copinho de leite... Enjoa! Só apetece é dar um par de estalos quando vem todo engomadinho e sem um vinco no pólo da Lacoste!"
Susi: "Mas ele é muito querido... Agora imaginem o Rui e o Tiago juntos..."
Joana: "Os dois ao mesmo tempo? Isso era divinal!"
Susi: "Sim era, mas não estava a falar disso. Os dois juntos num só homem!"
Rita: "Oh! Isso é o Pedro!"
Joana: "Qual Pedro?"
Rita: "O Pedro do Fiat Uno..."
Susi: "Já sei! Humm... O Pedro é muito giro..."
Rita: "Sim, é. Mas tem um problema..."
Joana: "Deixa-me advinhar..."
Rita: "Pois, o Fiat Uno."
(breves segundos de silêncio....)
Rita: "Mas ele é mesmo um querido."
Susi: "Bem, eu não me importava de andar com ele mesmo com o Fiat Uno."
Joana: "Ai amiga que horror... Imaginas-te a chegar a qualquer lado de Fiat Uno? Isto é, se o carro efectivamente chegar a qualquer lado!"
Susi: "E ele também não tem o corpo do Rui."
Joana: "Oh querida, o Rui é um caçador, o prazer dele está na caça, depois de passar da vertical para a horizontal faz reboot e começa de novo!"
Rita: "Ele nem deve saber o que quer dizer reboot...
Esse é outro problema do Rui. Nós já tinhamos saído antes..."
Susi: "Vê lá se me disseste alguma coisa!"
Rita: "Amor, foste naquele fim-de-semana com o tio de Cascais, o... - como é que ele se chama?"
Susi: "O Bernaaaaardo... Meu Deus... Que sé-caaaaa!" (muitos risos novamente)
Rita: "Ai! Conta, conta!"
Susi: "Não estavamos a falar do Rui?"
Rita: "Ok! O Rui levou-me ao cinema do Colombo imaginem..."
Joana: "Ai que horror que xungaria!"
Susi: "Eu prefiro os cinemas do El Corte Inglês, mas o Colombo tem mais lojas!"
Rita: "Meninaaas! O Rui levou-me ao cinema?!"
Joana: "(risos) desculpa, continua..."
Rita: "Ohpa fiquei para morrer. Ele pagou os bilhetes e eu não disse nada, mas fomos ver um filme do Vin Diesl. Só pancadaria! Nem me lembro do nome... Missão qualquer coisa!"
Susi: "Desculpa, o Vin Diesl até é giro..."
Rita: "O problema nem foi o filme. Ele levou um balde de pipocas para a sala, daqueles enormes Extra-Large..."
Joana: "Como ele, Extra-Large!" (risos uma vez mais...)
Rita: "Vocês não estão a ver o barulho que ele fez a comer as pipocas... Depois engasgava-se, tossia... E parecia um camelo a beber a coca-cola! Foi ho-rrível, eu só me enfiava no banco e tapava a cara com a mão!"
Joana: "Mas foste para a cama com ele..."
Rita: "Pensava que era uma boa queca..."
Susi: "Afinal o que é uma boa queca para ti?!"
Joana: "Depende do tamanho!" (risos)
Rita: "Também, mas não é tudo..."
Susi: "O Pedro é uma boa queca..."
Joana: "Qual Pedro?"
Rita: "O do Fiat Uno..."
(mais uns breves segundos de silêncio...)
Rita: "Por falar em queca, amiga conta-nos lá como foi o teu fim-de-semana com o tio Bernardo?" (risos)
Susi: "Ai amiga, não há nada para contar... A única coisa grande que ele tem é o Jaguar e o cartão de crédito..."
Joana: "Mas tu não estavas interessada nele?"
Susi: "Sim! Pareceu-me muito interessante em todas as vezes que saimos, com aquele ar de Santana Lopes mas 10 anos mais novo, estão a ver?"
Rita: "O Santana Lopes está ho-rrível.. Super velho..."
Joana: "Olha por falar em Santana Lopes, diz que a Cinha está outra vez sozinha!"
Susi: "O Bernardo é mais giro que o Santana Lopes, mas foi uma desilusão... Nunca tinhamos estado tanto tempo juntos, e sinceramente vi algumas coisas nele que não gostei..."
Rita: "Tipo o quê?"
Susi: "Olha, o modo como ele atira o cartão de crédito para cima da mesa para pagar o jantar e nem olha para o empregado..."
Joana: "Ai isso é tão novo-riquismo meu Deus!"
Susi: "Eu no final do fim-de-semana já estava farta de o ouvir, a ele e ao bip-bip do jaguar sempre que trancava ou destrancava as portas..."
Rita: "Mas dormiste com o Bernaaaardo?"
Susi: "Que horror não! Trocamos uns beijos só, nada de especial."
Rita: "sabem o que é que dava mesmo um jeito enorme?"
Joana: "Termos vindo almoçar com o Bernardo para ele pagar a conta?" (risos)
Rita: "Também! Mas o que dava mesmo jeito era o Pedro ter o jaguar do Bernardo, o rabo, os ombros, as pernas e os abdominais do Rui e a sensibilidade do Tiago!"
Susi: "Mas olha que ele tem um pouquinho de tudo já!"
Joana: "Só falta o Jaguar!"
(risos e fim de conversa)